Brasil, mostra tua cara
É muito comum música enaltecendo um país e um povo. “Viva la Italia”, “Vive la France” e até loas Argentina ou Guantanamera. “Born in the USA” é o hino dos States. Aqui entre nós, o Brasil foi prosa e verso muito tempo. Mesmo no terror do regime militar dos anos 60 aos 80, brasileiros cantavam o país, mais os oprimidos que os opressores. Aqueles que tomaram o poder e o patriotismo, acabaram por encomendar uma musiquinha chamada “Eu te amo, meu Brasil”.
Em 1939, Ary Barroso fez o samba exaltação “Aquarela do Brasil”. Depois, em 44, falou do “Brasil Moreno... quanta harmonia; Brasil , grande como o céu e o mar”. O rei da voz, Francisco Alves, cantou “Oh, meu Brasil, tudo em ti nos satisfaz; liberdade, amor e paz”. A dupla Cascatinha e Inhana, que mais sucesso fez, como diria o Reinaldo, cantou “Brasil, eu te conheço de norte a sul; o teu sertão e o teu céu azul”.
Depois, o Raul alertou: “a solução pro nosso país eu vou dar; negócio bom ninguém viu; a solução é alugar o Brasil”. Cazuza emendou: “Brasil, mostra tua cara; quero ver quem paga; qual é o teu negócio, o nome de teu sócio”. Milton Nascimento cantou: “ ficar de frente para o mar e de costas pro Brasil não vai fazer desse lugar um bom país”. A Legião perguntou que país é este?
O Premê, no Bem Brasil – que gerou um programa da TV Cultura, cantou assim: “aqui não tem terremoto, revolução, é um país onde todo mundo mete a mão”. Então, o novo século, o novo milênio chegaram. Em 2007, ouve-se da periferia um rap: “aqueles mal tratados, fracassados e armados; na favela vai ter tiroteio, e eu no meio; Brasil, vidas esquecidas, não tem emprego vira ladrão; e morre um nasce outro com disposição”.
galdinomesquita@globo.com
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