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Tudo começa no ano de 1961. Na cidade de Bauru, uma cidadezinha do interior de São Paulo. Na cidade de Bauru vivia a família de Ana Carolina. Ana Carolina é uma mulher moderna, à frente de seu tempo, que era uma mulher comum da sociedade: tinha um marido que era Osvaldo, que se amavam bastante, e uma filha recém nascida que chama-se Esther, o nome "Esther" foi escolhido pela melhor amiga de Ana Carolina, Branca. Branca era uma mulher solitária, que mudou-se para Bauru há alguns meses e vivia em condições menos privilegiadas que Ana Carolina. Ana Carolina e Osvaldo acabaram de fundar uma empresa de papel e celulose, chamada "Oliveira Correia" que levava o sobrenome de Ana Carolina e de Osvaldo respectivamente. Tudo começa no dia 13 de agosto de 1961, quando inicia-se uma mudança na vida da família de Ana Carolina e também no mundo, pois é iniciada a construção do Muro de Berlim, a construção que dividiu a Alemanha em dois. Neste dia tão especial era inaugurado a empresa de papel e celulose da família de Ana. Na festa várias pessoas presentes. Ana Carolina, ultimamente vinha sentindo que estava perdendo partes de sua pele, Ana Carolina sequer disse isso a ninguém. Naquela festa, Ana Carolina estava bela, com seu vestido mais lindo e uma maquiagem divina, no entanto ela precisava retocar a maquiagem, ela estava com Esther no colo e levou a filha até Osvaldo.
- Osvaldo, fica ai com a Esther um pouco, vou retocar a minha maquiagem no banheiro. - Osvaldo pega Esther no colo, Ana Carolina abraça Esther no colo de Osvaldo e se encaminha ao banheiro, no meio do caminho ao banheiro encontra Branca.
- Então Branca, está gostando da festa? - Pergunta Ana Carolina.
- Está magnifica minha amiga. - Responde Branca com um belo sorriso no rosto. - Ótimo, daqui a pouco vou fazer o discurso oficial do lançamento da empresa.
- Tenho certeza que será um sucesso minha amiga.
-Vou retocar a minha maquiagem, vem comigo?
- Sim, eu também estou precisando retocá-la. - Ana Carolina e Branca vão para o banheiro, ao chegarem no banheiro, Ana Carolina abre a bolsa, e nisso deixa evidente em seu braço uma mancha estranha.
- Que mancha é essa Ana? - Diz Branca intrigada.
- Não sei, deve ser algo da gravidez. - Diz Ana Carolina fazendo pouco caso. Branca estranha, mas revela.
- Ah, vou tirar esse sapato, tá bastante apertado. - Ana Carolina agacha-se para tirar o sapato, quando está o tirando, se desequilibra e cai no chão, ralando o cotovelo apenas.
- Ana! Tudo bem? - Pergunta Branca assustada.
- Tudo sim. - Ana Carolina levanta-se e vê que seu braço está ralado e sangrando um pouco.
- Tá doendo? - Pergunta Branca.
- Não, não tá doendo nem um pouco. - Diz Ana Carolina, Branca se assusta e olha para o corpo de Ana Carolina e vê outras manchas.
- Vou ali e já volto. - Branca rapidamente sai do banheiro, em sua bolsa ela pega um cartão de um leprosário. Ela vai até um telefone e disca o número do leprosário.
- Alo, é do leprosário de Bauru? Aqui é Branca Neves, eu gostaria de informar, que aqui na sede da empresa Oliveira Correia tem uma leprosa. Venham buscá-la rápido! Ela é uma ameaça! - Branca desliga o celular e corre até Osvaldo que está conversando com amigos e fumando um cigarro.
- Osvaldo, tenho uma péssima notícia pra dar-te meu amigo. - Diz Branca naturalmente.
- Que notícia Branca? - Pergunta Osvaldo assustado.
- Sua mulher é uma leprosa. - Diz Branca chocando Osvaldo. Osvaldo passa Esther para os braços do amigo e se levanta assustado.
- O quê? - Pergunta Osvaldo incrédulo.
- Exatamente, eu já chamei o leprosário, isole isso aqui agora! - Nesse exato instante médicos do leprosário Sanatório Aimorés (leprosário de Bauru) entram. Eles se aproximam de Branca.
- Dona Branca, onde está a leprosa?
- No banheiro, ali em frente. - Ao verem os médicos do leprosário, logo todos se assustam e começam a se afastar com medo. Os médicos entram no banheiro e surpreende Ana Carolina se maquiando.
- O que é isso? O que tá acontecendo aqui? - Pergunta Ana Carolina assustada.
- Dona Ana, detectamos através de uma denuncia que você está com lepra! Você virá conosco para o sanatório dona Ana. - Diz um dos médicos, já agarrando Ana Carolina. Eles seguram Ana Carolina e a levam do banheiro, ela passa pelo salão onde todos se afastam e olham com olhares de repulsa e medo. Ao final estão Osvaldo e Branca que seguram Esther no colo.
- Não, me soltem, eu não quero ir! Me largem! - Chorando desesperada e fazendo escândalo - Minha filha, eu quero minha filha! - Ana Carolina, quase na saída lança um último olhar sobre Esther, Branca e Osvaldo juntos.
ANOS DEPOIS...
21 anos se passam, tudo mudou... O país mudou, os costumes mudaram, a política, as leis mudaram, mas algumas coisas ainda não mudaram, como o muro de Berlim que continuava lá firme e forte. Surgiu no Brasil a ditadura, que se foi e agora o povo luta pelas eleições diretas, no famoso movimento “diretas já”.
RIO DE JANEIRO - 1984
Osvaldo está no sofá lendo o jornal do dia, na página de econômia, logo desce as escadas Branca. Branca aproxima-se de Osvaldo e dá um beijo em seu rosto.
- Bom dia, meu amor. - Tudo na vida de Osvaldo e Branca mudou nesses anos e agora novamente o destino deles está prestes a ser novamente alterado num cruzamento do destino que reserva fortes emoções.
CONTINUA...
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