Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Fumo e café
Letícia Souza

E se houvesse métodos aprovados de desapegos, testaria todos, até um finalmente der certo; enquanto isso atardo em barzinhos a procura de um sossego frequente e acabo encontrando o amargar da solidão, no começo acaba sendo até doce alimentar esse vazio dentro do peito as escuras, só que a brincadeira se faz de séria e a rédea fica curta, a alma começa pesar. O dono do bar já até cansou de ver-me ali plantado, sem papo e cheio de doses. Tanto que a bebida fica por conta da casa, ele acostumou com minhas histórias, desamores e cara fechada. Precisou até me apanhar de carro para casa, por meu andar estar torto, disse que daria conta, mas ele insistiu e foi assim que tornamos-se amigos, aquele velho cheirava a fumo e café me entendia, a melhor parte era que não era só que eu compartilhava os tais tormentos, o velho experiente me contou várias fases de sua vida; a pior delas fora quando assaltaram o bar no seu dia de folga, na manhã seguinte foi declarada como morta sua queria esposa. Ele dizia bonito, as vezes parecia que ela estava conosco, bem ali sentanda no tronco queimado de minha calçada. Depois de ouvir esse velho amigo, notei que a solidão dele era maior, que a minha era doce do começo ao fim e que não havia o que reclamar. Lembro como se fosse hoje o que o bigodudo disse, você ainda não conhece as formas do amor, quando conhece-las aprenderá amar com a alma e não descontar no corpo. Tu é jovem, não cheira a fumo e café, vai procurar um ambiente melhor para passar a noite e não aparece mais em meu bar. Me deixou ali sozinho no tronco e arredou o pé dali com o carro fumaceando e com um barulho realmente estranho. Ao ir, deu-me um livro, a capa estava tão rasurada que nem o título pude ler, muito menos perguntar o assunto pude. Ele disse apenas leia, quando acabar escreva algo por menos sentido que faça, qualquer junção de palavra que se dê como frase já um avanço. Então volte para meu o bar que te contarei como esse velho se tornou velho.

Número de vezes que este texto foi lido: 59431


Outros títulos do mesmo autor

Romance Às escondidas Letícia Souza

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 11 até 11 de um total de 11.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Visita a Sala São Paulo - Adriana Rodrigues Januario Peixoto 69 Visitas
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA - Fernanda Pedreira Simas 67 Visitas
Discurso de formatura - Renata Aparecida Pereira Silva 63 Visitas
Avaliação mediadora na Educação Infantil - Renata Aparecida Pereira Silva 63 Visitas
Avaliação na Educação Infantil - Renata Aparecida Pereira Silva 61 Visitas
Visita a Sala São Paulo - Adriana Rodrigues Januario Peixoto 58 Visitas
DESVENDANDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - Luana Pereira Santana Pascoal 51 Visitas
Mãe querida - André M Hemerly 47 Visitas
Festividades e saúde mental - Professor Jorge Trindade 46 Visitas
Pensar, potencializar e receber - Isnar Amaral 35 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última