E lá se foram vinte anos desde o impeachment de Collor de Mello. Nesta semana, as televisões e os jornais apresentaram programas, e estamparam reportagens sobre o acontecimento. Revendo a ênfase com que deputados e senadores gritavam o “sim”, fica a impressão que estavam livrando o Brasil do diabo. E sabemos que ficaram outros tantos súditos.
Cabem algumas reflexões dessas duas décadas. O ex-presidente corrupto hoje é um senador da República. Apoia com unhas e dentes, o principal partido responsável pela sua queda. Politicamente a regressão do Brasil foi fantástica. Não precisamos apenas de uma reforma política. Precisamos refundar a República. Reescrever nossa Democracia.
Que com o julgamento do “mensalão” tem mostrado sua fraqueza. E não é apenas isso. Nossa Democracia tem um mal maior. Atenta contra um dos seus maiores princípios, quando exclui o povo. No Brasil, o peso do nosso voto é uma das maiores enganações. No fim, acabamos sendo coautores de tudo o que está acontecendo. Incluindo a corrupção.
Estruturalmente o caminho percorrido também foi pequeno. Com a economia e a inflação estabilizadas, deveríamos deslanchar no nosso crescimento. E quem está no poder, conta sempre com a sorte de ter um culpado para esconder seus erros. Desta vez, Dilma Rousseff culpa a crise financeira Europeia.
Cresceremos menos de 2% neste ano. E muito deste crescimento pífio deve ser colocado na conta do endividamento da sociedade. Crescer à custa de crédito fácil e endividamento futuro, não é a fórmula adequada. A produção foi esquecida. E chegará o momento, que nossa “bolha” também será alfinetada.
Educação e saúde é um caos. Infraestrutura idem. A voracidade fiscal do governo federal eleva o chamado “Custo Brasil”, minando nossa competividade no exterior. Duas décadas após Collor de Mello, o Brasil continua sem uma política industrial, educacional e social. Vivemos de lampejos.
São algumas migalhas aqui. Outras acolá. Não se enxerga no horizonte projetos e políticas robustas. Não vemos além da ponta do nariz, quando deveríamos mirar trinta anos adiante. No Brasil, somos amantes do imediatismo e da indolência. Só acordamos em épocas de eleições.
E ainda resta o susto de se descobrir fazendo parte da classe média. Se a tua renda mensal estiver entre R$ 291,00 e 1.019,00, você faz parte dela. Achamos o máximo o governo comemorar e fazer média em cima de nós. Garanto que neste momento tem muita gente se descobrindo classe alta e nem sabia. Uau! “Nunca antes na História deste país”, tivemos tantos ricos.
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