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CARTA A PAPAI DO CÉU
FADA VIRGINIA FADUL

Meu papai do céu

Hoje bati no meu irmãozinho e fiquei muito zangado com ele. Não sei porque às vezes penso em fugir de casa e deixá-lo sozinho. É porque, meu papai do céu, estou muito aborrecido com meus pais de criação. Eles não ligam muito para mim. Ele sim! Ele é o filho querido que nasceu no ventre da minha (queria dizer) "minha mãezinha". É que quando eu fui adotado eles (meus "pais") não tinham filhos. Quando cheguei do orfanato, foi tudo alegria, tudo era motivo para festa. Os amigos dos "meus pais" visitavam-nos todos os dias e nos traziam presentes. Era querido e amado por todos.

Porém, meu papai do céu, hoje eu não sou tão importante para eles. Aí eu sei que é pecado ter inveja do meu irmãozinho. Porém, papai, acho que não tenho inveja dele. Eu tenho é muita tristeza dentro do meu coração e queria, de todo coração, ser o filho legítimo, de corpo e alma.

Sei meu pai querido do céu, que onde estiver uma criança, Vós alí estarás! Peço sempre a meu anjo guardião que nunca se afaste de mim! Não quero ser como os meninos de rua, abandonados pelo mundo, renegados pela família e perseguidos pela justiça! Quero, meu paizinho, ser simplesmente uma criança amada!

Porque "meus pais" deixaram de me querer? Será que eu agora só sirvo para cuidar do meu irmãozinho? Carinho não tenho mais, afeto nem pensar! Quando choro, ouço: "No chores menino, vai acordar seu irmão"! Quando brinco com ele, me dizem: Cuidado com ele para não machucá-lo! Quando estou triste e carente, me dizem: "Que menino esquisito. Fica pelos cantos sem conversar com ninguém. Isso é pura manha! É áí, meu pai do céu, que eu fico com raiva e bato nele! Nestas horas eles caem em cima de mim, me batem e me botam de castigo, um dia, sem falar comigo!

Sei que não posso bater no meu irmãozinho mas queria ser DE VERDADE o seu irmão.

Porque meu pai, você não me deu uma mãe de verdade e um pai bondoso, como você?

Agora, ele está dormindo com eles no quarto e eu estou aqui sozinho na sala. Meu único companheiro é "Rapidinho" - um caozinho vira-lata que trouxe para morar comigo.

Papai do céu, amanhã eles irão viajar, com meu irmãozinho. Vão passear de férias e eu vou ficar com Zefa, a empregada da casa. Zefa gosta de mim como uma mãe. Acho papai do céu que ela é minha mãe de verdade. Às vezes ela briga comigo, com raiva, mas não sei porque, nunca tenho raiva dela. Acho que mesmo assim, ela me ama de verdade.

Vou fazer-te um pedido: Faça com que ela enchergue. Pois ela é cega de um olho. O outro olho, ela encherga muito pouco. Acho que é porisso que ela tem paciência comigo, não é?

Hoje é só! Amanhã eu volto a conversar contigo. Boa noite, papai. Boa noite, Zefa, Boa noite "Rapidinho".

Pedrinho.


Biografia:
Currículo Fada Virginia Fadul, nasceu na cidade de Salvador-Bahia.Formada em Licenciatura em Dança Moderna pela UFBA. Autora do livro "MENSAGENS" publicado pela editora nacional CONTEMP, 1983. Fez o curso de Artes Plásticas na UFBA e como pintora fez exposições na Galeria de Arte Panorama, Tereza Galeria de Arte ambas no Rio Vermelho e no Mordomia Drinks, Barra. Também participou da coletânea de antologia poética de cidades brasileiras, tendo sido escolhida para representar a cidade de Salvador-Bahia, com a poesia "Eu, Você e a Rosa". Bailarina, desde criança, viajou com o Corpo de Baile da Ebateca, "Ballet Brasileiro da Bahia" por todos os estados brasileiros e no exterior, onde excursionou pela Argentina (Córdoba, Bahia Blanca, La Plata, Buenos Aires, Rosário etc), Venezuela, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador e México (Vera Cruz, Guadalajara, Tampico, Torreón, Monterrey, Oaxaca, Saltillo, Guanajuato, Puebla, etc). Ensinou em diversas escolas de Arte de Salvador, como: Escola de Ballet do Teatro Castro Alves (Ebateca), Escola de Cultura Física da Graça - Compasso, etc. Trabalhou também como projetista gráfica (Jornal) na editoração do "Jornal Comunicar" da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Integral Regional.
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