(a duas meninas que se beijam, amparadas numa muralha de cimento frio)
Que a tempestade, afinal
dos olhares que se fundem
alquimize o mundo
em pedra, vento,
mar e sal.
Que a nudez do espírito
evoque nas calçadas
o direito de seguir
(feito brasa)
o desejo de avançar
(feito rio)
o sentido de viver
(como asa)
o pecado de amar
(em desvario)...
Sejamos tal,
por infinito momento,
a luz do afeto,
que rega o cimento
afago sem cura
(que não separa, ampara).
Dois corpos jovens
fecundando a noite
de estrelas claras,
de sonhos puros,
escrevendo paz
na solidez dos muros.
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