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Texto selecionado
Coerência relativa. |
Conversa (des)afinada. |
Alexandru Solomon |
Resumo: Nosso glorioso “G.M” já declarou guerra aos loiros de olhos azuis.
Não há novidade nenhuma ao afirmar que o endividamento das famílias está em patamar bem diverso que o verificado quando da ocorrência da marolinha 1.0. |
A importância do setor automobilístico para o crescimento do PIB não precisa ser demonstrada, embora a visão de avenidas cada vez mais entupidas possa causar um impacto sobre o PIB, que vá além de ferir nossa retina. É natural que a indústria automobilística através dos seus representantes solicite maiores facilidades. O que causa estranheza é o fato de o governo cogitar unicamente na ampliação do crédito, quando é sabido que nossos automóveis estão entre os mais caros do planeta – para os importados foram colocadas barreiras, cuja existência pode não ser do agrado da OMC, mas à la guerre, comme à la guerre. Nosso glorioso “G.M” já declarou guerra aos loiros de olhos azuis.
Não há novidade nenhuma ao afirmar que o endividamento das famílias está em patamar bem diverso que o verificado quando da ocorrência da marolinha 1.0. No entanto, numa manobra de intervencionismo puro, nossos dirigentes pretendem forçar os bancos oficiais a melhorarem as condições de financiamento, utilizando o binômio juros mais baixos e prazos mais esticados. É previsível um aumento da inadimplência nessas condições, afinal de que vale pagar a 55° parcela de um carro cujo valor caiu drasticamente, seja qual for o valor da prestação. Mais surpreendente é o projeto de criação de uma Empresa de Gestão de Ativos – Emgea – (O Estado 19/5 B2) verdadeira lixeira destinada a recolher os créditos podres, já existentes e em previsível alta, das instituições de crédito oficiais, isso com recursos do Tesouro, como se esse dinheiro caísse do céu, como se a esses créditos podres se pudesse associar algum valor significativo. Depois, virá a discurseira costumeira. “Os bancos privados (que não disporão dessa preciosa muleta) não colaboram”. Dar corda aos consumidores para se enforcarem não parece ser a melhor idéia. Para os amadores de metáforas, já que a imagem de levar um cavalo até o rio é diferente de obrigá-lo a beber, tenha causado o furor oficial, talvez parafrasear Mark Twain que (entre outros) disse que o banqueiro oferece um guarda-chuva quando faz sol e o nega quando chove, alterando-o para “o banqueiro oferece o guarda-chuva, quando espera poder recebê-lo de volta”, não suscite a mesma indignação (ou como dizem os compatriotas de Jerome Valcke: un caca nerveux).
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Biografia: Alexandru Solomon nasceu em Bucareste (1943), mas vive no Brasil desde os 17 anos. Ao lado de uma sólida carreira empresarial, de uns tempos para cá passou a se dedicar a uma nova paixão: a literatura. Através da sua escrita nunca deixa o leitor indiferente. Um contador de histórias na velha tradição, empregando recursos que vão mostrar ao mundo em que vivemos, algo que pudesse estar perdido. Preparem-se, portanto, para uma surpresa que virá atrás da outra. Pois, Alexandru Solomon, além de humor, vai mais fundo.
Autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar`, ´Um Triângulo de Bermudas`, ´O Desmonte de Vênus`, ´Bucareste` (contos e crônicas) e ´Plataforma G`, além de vários prêmios nacionais e internacionais por sua escrita. |
Este texto é administrado por:
Celso Fernandes
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Publicações de número 161 até 170 de um total de 178.
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