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Era ele
Hugo Duarte

Ela gritou, alto, tão alto que tudo a sua volta estremeceu, ele que se encontrava na cozinha largou tudo o que fazia e correu em seu auxílio, não hesitou, correu como se a distancia fosse quase ao nível de uma maratona, quando chegou lá estava ela, continuava a gritar, chorava, contorcia-se com dores, era uma visão demolidora que o agastava, tinha de a ajudar o mais rápido possível, nem pensou, pegou nela ao colo e dirigiu-se para a porta, tinha de a socorrer, de a levar para o hospital, ela precisava de ajuda e ele não tinha habilitações para o fazer.

Nem deu pelo tempo passar, nem sequer o caminho que fez conseguiu ver, conduzia a alta velocidade enquanto olhava para ela no banco ao seu lado a gritar, a chorar, não parava por um segundo que fosse, deu-lhe a mão para ela sentir mais conforto, ela apertou, apertou muito, não falava, só chorava e continuava a gritar, foi assim toda a viagem até a porta do hospital, e já a entrada nada mudou.
Em seu auxílio vieram duas enfermeiras, ele sem noção do que dizia, tratou-as com desagrado, gritou com elas, insistiu para que se despachassem, como se não fosse isso o que estava a acontecer, não a largou por um momento, a sua mulher era o seu bem mais precioso e não aguentava vê-la assim, não podia fazer nada, estava impotente, ela em nada se alterava, chorava, gritava, apertava-lhe a mão cada vez com mais força, lagrimas escorriam pela cara, já havia sangue também em seu redor, algo se complicava…

Não o deixaram entrar, não podia, não estava em condições para tal, lá dentro ela chamava por ele, a sua ausência perto dela era pior que tudo aquilo porque estava a passar, precisava dele ao seu lado, pediu, entre lagrimas, para o irem buscar, muito a custo consentiram e ele foi, ficou perto dela naquele momento, momento esse que podia mudar tudo, em que toda a vida deles em conjunto lhes vinha a cabeça, todas as alegrias, todas as tristezas, as dificuldades, tudo, mesmo tudo, tudo.

As dores eram cada vez mais fortes, a equipa medica a sua voltava tentava ser célere e evitar o pior, havia complicações, o sangue continuava a jorrar como se de uma fonte se tratasse, era critico, e ele lá, sempre lá, ao lado dela, nunca a abandonou, aguentou, por ele mas sobretudo por ela, ela sentia isso, sentiu-se mais forte e com isso parou de chorar, foi enorme aos olhos dele, ganharam forças que já não tinham na esperança que tudo corre-se bem.

Silêncio, um silêncio rompeu a sala, foi por segundo mas pareceu a todos uma eternidade, eles olharam-se entre si, nos seus lábios rasgou-se um sorriso, estava ali, a muito custo, com muito sofrimento, entre choros e dores, o seu bem mais precioso, aquilo com que sonhava e que a tanto esperavam, estava ali, como se um desenho tivesse sido feito e entregue especialmente para eles, como se de uma das mais belas obras de arte se tratasse, era deles, só deles, era lindo, perfeito era o seu bebê!


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