Quando meus olhos fecharem-se pela derradeira vez, marcando o final de uma existência humana, verei um futuro.
Quando eu observar o reflexo de meu rosto em um espelho, e me deparar com as rugas – marcas do tempo-, quando meus cabelos alvejarem-se, quando meus sentidos tornarem-se lânguidos - esvaindo-se de mim as percepções-, quando minha visão for turva, minhas forças fracas e meu prazer esquecido; ainda sob tais circunstâncias, olharei avante, enxergando um futuro.
Quando o mundo repentinamente desabar sobre mim, quando o fim chegar inesperadamente (a existência humana é periclitante), ainda ali, em um lapso inesperado, em meio à iminência de um final, estertores darão lugar a paz, pois o futuro existirá.
Quando a dor me castigar, quando a periclitância me atingir, quando o passado me atormentar, quando o presente me angustiar, olharei além e verei um futuro.
Porque a cruz (símbolo da redenção) me leva até a esperança, a angústia inexiste. A morte deixa de ser o fim, tornando-se o princípio.
Quando, após a vida causticante, meus olhos fecharem-se, não fechar-se-ão eternamente. Haverá um futuro, um dia se abrirão e verão á Deus, a razão de meu porvir, o motivo de minha esperança. “Eu o verei com meus próprios olhos e Ele já não será um estranho para mim”.
Se algum dia os “quandos” tornarem-se reais, não temerei, há esperança para os “quandos”. Que paz preenche as lacunas da minha alma, que esperança há em saber que já não há mais fim.
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