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O Mundo de Gabriela
Valéria Mendonça Caldas

Resumo:
Um conto misturado com suspense vai fazer vocês lerem e tentarem descobrir o tão macabro ou romântico mistério de Gabriela

O Mundo de Gabriela

               Deitado aqui em meu velho e companheiro leito, somente as lembranças de Gabriela atingiam-me como ligeiros raios que antecedem um dia de chuva. Antes que minhas frias pálpebras se fechassem para a eternidade como cortinas ao término de um grande ato, eu tinha a obrigação comigo mesmo de ser naquele último momento tão feliz o quanto fui em minha vida inteira.
               Vila dos Sonhos era uma cidadezinha que mais se parecia com o Velho Oeste, ruas de terra, casas de madeira e no centro, somente aquele mundaréu de poeira ao vento, lá todos se conheciam.
Era uma tarde de primavera, ano de 1885 minutos antes do pôr-do-sol.
Lá estava ela, Gabriela, linda como sempre, sorridente, cabelos dourados como o sol daquela tarde, trajando um vestido que remetia à primavera, devia ter naquela época uns dezessete anos, não mais que isso.
              Todos os dias se repetiam ali na minha frente, mas Gabriela nunca sequer conseguia me ver, mas eu sim sabia de sua rotina: acordava diariamente ao raiar do dia, seguia de braços dados com sua mãe, entravam na venda de seu Francisco onde provavelmente compravam os alimentos para o almoço do dia, dali seguiam para a igreja e por lá permaneciam alguns minutos, logo após retornavam para casa, sempre de braços dados e conversando muito. O dia se passava e nada de Gabriela aparecer. De repente como hora marcada, lá estava a bela moça, sentada na mesma cadeira de balanço, com o mesmo vestido, o mesmo penteado e aquele mesmo sorriso no rosto. E assim os dias iam se repetindo.
              Dava para saber o que se passava em sua cabeça, sabia que deveria ser um grande amor, o seu jeito, o seu semblante radiante de felicidade, tudo levava a uma certeza: Gabriela tinha um grande amor.
             Certa tarde ao debruçar-se na varanda, um rapaz que passava pela calçada de sua casa, muito elegante a cumprimentou como um exímio cavalheiro, o que provocou uma vermelhidão em seu rosto, pude perceber então que minhas suspeitas estavam corretas e que aquele rapaz era o motivo de suas tardes na varanda e de seus constantes sorrisos.
             Os anos foram se passando, agora aquela varanda não pertencia mais somente à Gabriela, agora aquela varanda era a testemunha daquele amor, dos abraços, e carinhos trocados, na verdade eu e a varanda éramos as testemunhas fiéis de um lindo romance, conseguia ler em seus lábios as juras de amor trocadas entre eles. Só uma coisa me intrigava, é que os anos se passavam, Gabriela e seu amado continuavam do mesmo jeito, suas faces pareciam não envelhecer e algo mais estranho ainda, suas roupas eram as mesmas de todos os dias, Gabriela nunca havia mudado de vestido, mas o que então estaria acontecendo?
            Certa tarde quando eles saíram para passear, decidi segui-los.
            Foi então que fui surpreendido por algo que jamais imaginaria, Gabriela e seu namorado entraram no cemitério da cidade, caminharam de mãos dadas por entre os túmulos e nesse momento então eu pude ouvir um pequeno diálogo:
        _João meu querido amanhã estarei lhe esperando na nossa varanda com todo amor que venho lhe dedicando nesses nossos trezentos anos de união e lhe prometo ser fiel por mais trezentos anos.
        _Eu também, Gabriela serei escravo de seu amor por toda nossa eternidade, mas espero que aquela varanda continue sendo somente nossa,pois caso alguém queira fazer parte de nossa história se arrependerá amargamente pelo resto de sua vida,pois lá é sempre será ,somente o nosso cenário de amor, em nossa vida e em nossa morte.
          Logo após essas palavras eles trocaram carícias e desapareceram como nuvens de poeira.
          Voltei para minha casa com várias respostas para minhas perguntas: Gabriela, sua mãe e seu amado não existiam nesta vida, por isso usavam sempre as mesmas roupas, por isso suas faces não envelheciam e o mais intrigante é que somente eles tinham morado naquela casa e até hoje só eles a habitavam.
          Mas e as pessoas que falavam com eles, e o padre, e o seu Francisco, eles nada mais eram que espíritos também de trezentos anos.
        Hoje deitado aqui em meu leito descobri: eu, era o único fantasma daquela cidade fantasma, pois todos eles eram vivos entre eles, mas a descoberta mais linda que tive foi que sempre amei Gabriela e tudo que vi e senti em sua varanda, foi visto e sentido de minha varanda e sei que hoje estarei fazendo parte do mundo de Gabriela.          

              
              
              



Biografia:
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Contos O Mundo de Gabriela Valéria Mendonça Caldas
Poesias Histórias de vida Valéria Mendonça Caldas
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Publicações de número 1 até 3 de um total de 3.


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