Você me pede um beijo, eu não te dou. Eu te abraço, você faz careta. Te chamo de irritante, você retruca com um idiota. Dou uma risada. Você me acompanha. Nossas mãos se encontram, as risadas cessam. O silêncio domina. Afasto minha mão de ti, sinto minhas bochechas vermelhas. Você olha para o chão. Então, após alguns segundos, nossos olhos se cruzam. Um sorriso bobo, quase imperceptível se apodera de nossos lábios. Tudo se encaixa. Não resta nada a dizer. Poderíamos passar o resto da vida tirando força daquele olhar e sabemos disso. E de repente, nossos corpos estão quase colados, e nós nem ao menos percebemos como isso aconteceu. Você quebra nossa corrente invisível, desvia seu olhar para minha boca. Era mais do que óbvio o que aconteceria agora, mas mesmo assim, ainda me surpreendo. Sinto seus lábios colados nos meus. Meus olhos se fecham automaticamente. A intensidade do beijo aumenta, cada movimento combinando perfeitamente, como se fosse tão.. certo. Acredito que se não fosse a necessidade de oxigênio, nossas bocas jamais desgrudariam. Sinto sua respiração acelarada perto de mim. Sorrio, ainda de olhos fechados. Você me abraça. Uma de suas mãos percorre meu cabelo. Deito minha cabeça em seu peito, evidenciando nossa diferença de altura. Posso sentir seu coração bater. Me sinto protegida. Sei que estou exatamente onde deveria estar. Abro os olhos. Estou abraçando o nada. Meu sorriso some. Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto. Fico ali, parada, por minutos, horas… Não vejo o tempo passar. Prefiro não ver. Cada minuto que passa é mais um sem você. E quando eu acordo de meus devaneios e percebo que não está ao meu lado, dói. Mas então, fecho meus olhos novamente. Ouço sua voz baixinha no meu ouvido dizendo que nunca estarei sozinha. Dou um sorriso e continuo ali, sonhando acordada.
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