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Álcool na infância
Wellington Balbo

Resumo:
Semana passada foi noticiado por diversos órgãos de comunicação o jovem de 13 anos que se embriagou numa escola bauruense. O caso ganhou notoriedade porque o garoto ficou inconsciente e teve que ser encaminhado ao hospital.

Semana passada foi noticiado por diversos órgãos de comunicação o jovem de 13 anos que se embriagou numa escola bauruense. O caso ganhou notoriedade porque o garoto ficou inconsciente e teve que ser encaminhado ao hospital.
Todavia, não é nenhuma novidade crianças embriagarem-se. Eu, você, enfim, todos nós conhecemos infindáveis casos de pessoas que tomaram seu primeiro porre ainda nos verdes anos infantis.
A pergunta que fica é:
Por que isto ocorre?
Sem querer realizar uma caça às bruxas, uma da razões principais para as bebidas fazerem a cabeça dos jovens é justamente a benevolência para com o álcool. Exatamente, caro leitor, o álcool conta com a aprovação de uma parcela enorme da população brasileira que o deixa circular livremente em seu lar. É, para nossos padrões, normal o sujeito tomar um pileque de vez em quando e chegar em casa trançando as pernas.
No entanto, poucos sabem que os primeiros goles dos adolescentes ocorrem em suas próprias casas aos 10 ou 12 anos em bebericos dados nos copos de pais, irmãos ou primos.
Em nossa sociedade, infelizmente, o vício é propagado sem rodeios. Comerciais mostram pessoas famosas deliciando-se com a famosa “cervejinha” e aconselham com boa dose de generosidade e preocupação com o semelhante: “Se beber não dirija”. Entretanto, poucos sabem que grande parte dos laudos cadavéricos em mortes violentas consta a presença do álcool. Pessoas agredidas, suicídios cometidos, faltas ao trabalho, prejuízo ao país e a decadência moral do indivíduo são alguns dos problemas enfrentados por quem abraça o álcool como fiel companheiro de sua existência. E pensar que tudo pode começar na infância com a conivência dos familiares...
Um dos fatos que mais me chamou a atenção no livro “Estrela Solitária, biografia de Mané Garrincha, foi quando Ruy Castro – autor da obra – informou que era adicionada cachaça à mamadeira de Garrincha quando criança. Provavelmente o organismo do Mané gostou da tal cachaça e quando em idade mais avançada ele se reencontrou com ela não mais se separou até o lamentável fim de seu dias na Terra. Quem lê a história desse herói do esporte nacional certamente fica impressionado com os prejuízos que o álcool pode causar. E pensar que tudo começou em sua infância...
Obviamente que as orientações corretas dos pais não são garantia de que o filho cresça saudável, livre dos vícios. Há casos e casos de pais conscientes que têm filhos desajustados. No entanto, não fechemos os olhos para os perigos que a conivência com o álcool em casa pode ocasionar não apenas para os filhos, mas toda a sociedade.
Dialogar com as crianças explicando os malefícios do álcool é, indubitavelmente, muito mais salutar do que deixar com que os pequenos beberiquem e se esbaldem em nossos copos de cerveja.
E pensar que tudo pode começar na infância...


Biografia:
Wellington Balbo, 36 anos, escritor, 7 livros publicados.
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