Sou o poema de rima torta
o biscoito despedaçado do pacote
o anjo de asa quebrada
a chave errada da porta
o último da fila
o ato falho
a letra minúscula
o pingo da água
transbordado do copo.
Não sou a boca velada
a verdade de único dono
a hipocrisia descarada
o estereótipo de gente
o protótipo da alegria
a mentira atrevida
desprezando o ser
para ceder lugar ao poder
a vitória forçada
por promessas equivocadas
e numa cela vedada
o eterno refém da vaidade do ego.
Não sou especial
nem modelo de existência
pertenço ao geral, ao trivial
um qualquer ou qualquer um
sou feliz, sou simplesmente o comum.
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