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VIDA E POESIA: Ziza Trein
Tânia Du Bois

“Onde está aquela menina / que andava de mãos dadas com o pai / pelos trilhos de trem?...”

Foi no período de 1923 a 1981 que a poetiza passofundense, Ziza de Araújo Trein, escreveu o livro VIDA e POESIA. A obra é dividida em duas partes: Poesias Ingênuas e Na Andança da Vida.
Considero o livro de imperdível leitura, pois, ao criar arte, naquela época, ela revela com palavras mágicas as experiências vividas, deixando transparecer na linguagem poética também o amor pela sua Pátria. “Brasil, meu Brasil // És tão grande, tão nobre e generoso!...” ela se refere à Segunda Guerra Mundial, onde alguns imigrantes alemães desrespeitaram a nossa Bandeira: “Mais do que tudo que fizeram, / Foi terem ultrajado o Sacrossanto / Pavilhão deste povo brasileiro!...”

Diante das circunstâncias da vida, para conhecer o mundo, optou por viagens a Berlim, Paris e Bruxelas (1977), e as teve como suporte da sua obra, que por vezes, foi ousada por não se fazer calar, como no poema “Viagem”:

“Todo ser humano é semeador constante / No campo imenso deste mundo – terra. / Tudo o que semeares, seja Bem ou Mal / o fará na tua própria seara // ...As mesmas sementes voltarão / E no teu próprio caminho / Irão nascer!”

Para compreender o que ela pensava e sentia sobre a sua terra natal, Passo Fundo, a poetiza conta do “Meu Rincão”:

“Meu coração nesta hora / É uma acordeona chorona / Neste galpão que é o meu peito, / contando em versos.../ o que sei deste rincão. //Deste rincão que surgiu / Porque o tropeiro cansado / Pousava aqui p’ra o descanso. / e, ali, na beira do rio...// E, onde está agora esse rio, / Que tinha um passo tão fundo / Que deu o nome da cidade?...// Vem também tu, forasteiro, / Tropeando a vida no mundo? / Este é o lugar da pousada, /
É aqui mesmo o Passo-Fundo”.

No sagrado direito de expressão, sua obra tem significado especial. Faz registros de um tempo em que a força do seu pensamento e da sua juventude ficou concentrada em sua poesia. Ainda, teve a coragem para realizá-la quando o silêncio era o abrigo mais seguro.
Nas Andanças da Vida, foi movida pelo lema “Viver para Servir”:

“Para aqueles que te pedem pão/ Tens sempre alguma coisa para repartir./
Sempre alegre, sempre sorrindo, /
Que importa as dores...,/ Se estás
feliz, muito feliz / No prazer
que tens em estar servindo?...”

A poesia de Ziza contribui para nos aproximar daquela realidade e a entender a liberdade que ela teve ao escrever seu livro. Criou a oportunidade de expressar seu convívio, levando o leitor a fazer uma viagem ao seu tempo, através dos aspectos mencionados no desenvolvimento literário com as relações vivenciais, a capacidade de compartilhar seu amor e seus sonhos, deixando ao leitor repensar o dia a dia e, ainda, alimentar esperanças em relação ao sentimento pátrio, favorecendo o crescimento pessoal e cultural – essência da vida em sociedade. É nesse emaranhado de épocas que, “Onde”, Ziza expressou a sua arte:

“A menina hoje anda sozinha / pelos trilhos da vida...// O tempo alvejou
seus cabelo / e riscou de rugas o seu rosto / Mas sempre a mesma menina. /
Que escreveu tolas poesias ingênuas!”


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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