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O valor do tempo
O dia estava lindo, as flores brotavam como na primavera, embora o tempo
estivesse um pouco gelado, tudo estava perfeito. Não entendia o que me acontecia, pois no vazio do meu ser a vida era tantas vezes sombria e desolada. Na confusão dos
afazeres tantas coisas aconteciam, mais nada acalmava a conturbada essência em que
me encontrava. Os minutos marcavam a sua presença, as horas remarcavam os minutos
e a vida mergulhava em acontecimentos notáveis e sem pouca importância, mas tudo
apontava para o término de um dia que talvez fosse ficar marcado nas lembranças.
Então comecei a pensar o que seria do espaço da vida se não existisse o tempo
dividido e organizado, em minutos, em horas e consolidados em dias, meses e anos.
Então me veio à cabeça que o tempo é semelhante à vida e que assim como também
nasce o sol, a vida resplandece ao amanhecer e ao entardecer e não importa quem seja:uma flor, uma criança ou um ser que respire, todos tem sua função num determinado espaço.
Por isso resolvi me levantar, abri os olhos e vi que o sol já pairava sobre as
árvores. Sentei um pouco na cama e comecei a programar o que iria fazer durante esse
dia ensolarado. Logo percebi que papai e mamãe tinham viajado, então, tomei banho,
arrumei a cama e parti para a escola. No caminho vi crianças correndo para não perder a hora, talvez a hora do colégio. Prossegui mais um pouco e percebi que o sol de quando
em quando dava uma trégua e chovia um pouco. Então resolvi esperar a chuva passar,enquanto observava os pombos à procura de seu alimento. Logo a chuva passou e prossegui meu caminho sobre a calçada que dava acesso à pracinha da escola. Mal deu
tempo de falar com os colegas, a sirene tocou e tive que entrar sem ao menos me
despedir.
A aula logo começou, e quando pude perceber lá estava eu sonhando com a
história do dia. No dia 22 de abril de 1 500, a embarcação de Pedro Álvares Cabral
atracou em uma praia bonita e paradisíaca com belas mulheres e homens sem qualquer
tipo de vestimenta. A verdade é que os portugueses e os habitantes dessa ilha não seconheciam:
- Depressa, depressa! Diziam eles os recém chegados homens portugueses.
- Vejam como são animalescos, mais com aparência dócil! O tempo foi então necessáriopara que aquela tripulação entrelaçasse amizades com aquele povo diferente do padrão
que conhecia. Passados os dias, os portugueses e então animalescos não eram apenas desconhecidos, mas companheiros. Pois, Cabral tinha no coração a ideia de habitar naquela terra, não apenas para possuí-la, mas para amá-la e cuidá-la. Foi bem isso o que aconteceu. Cabral e sua grande tripulação seguiram de viagem a Portugal e logo apresentou ao povo português os amigos que por lá deixara.
Derrepente a sirene tocou e lá estava eu preso a um devaneio que eu não queria
que fosse verdade. Conforme a história do Brasil, Cabral não foi só o descobridor do
Brasil, mais junto com seu povo e seu reino foi o explorador da inocência de uma raça que só queria viver a sua cultura, amar a sua terra e respeitá-la eloqüentemente. A verdade é que o tempo pode mudar muitas coisas na vida, pode atravessar anos, romper barreiras, pagar dívidas, trazer a vida ou a morte, mas o que o tempo não pode mudar é a identidade de uma gente, mesmo quando foram explorados e machucados como crianças que não tiveram a chance de se proteger. È intrigante pensar que o tempo vale
muito, mas pouco pode fazer pra mudar a história da essência de um povo.
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