Irmãos meus de sangue
Que matais o amor
Afogado em mangue!
Vossos são o poder e o planalto
Reis, sois bravos e afoitos
Mas lembrai aos incautos
Sou o sete, e não o oito.
Vós que vedes do mar o raso e o profundo
E vos afogais em maltes puros
Vós que dominais toda a história deste mundo
Não vos achais duros?
De que vos servis as ferinas palavras
A flechar o meu peito?
Alimentai-vos de bravatas
E não tendes o direito.
Recomendo o fim de vosso bruto reinado
Que perpetua a divisão
Ou então esqueceis o sagrado
E não me chameis de irmão!
Atentai ao vosso descendente
Ensinai-o a gentileza e o perdão
Vivei a combater o indolente
Povoai o universo com paixão!
Amai, amai desmedidamente
Versai à vossa esposa em flor
Libertai-vos rapidamente
Do orgulho e do rancor!
Entregai vossas almas grandiosas
Epopéicas e vazias
Deixai-vos dominar a galhardia.
E vereis que sois nada mais
Que bêbados vadios
Ou poetas sem paz.
Vós, que quereis o mundo
Vós, que do mar
Conheceis o raso e o profundo.
|