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O LEÃO QUE QUERIA CASAR
Casamento
Ismael Monteiro

Resumo:
É uma estorieta de um leão que queria casar.

O LEÃO QUE QUERIA CASAR


     Nataliudo era um leão que queria casar, pois já chegara à idade adulta e precisaria encontrar alguém que lhe amasse e pudesse com ela fazer família.
     Ele era um leão de boa estirpe, tinha bons modos e tornara-se vegetariano. Freqüentava os shoppings das cidades sem que ninguém o importunasse. Tinha livre acesso aos cinemas e arriscava até uma ida ao Teatro e aos museus, pois apreciava muito as artes.
     Sua primeira namorada foi uma aliá, a fêmea do elefante. A princípio dava tudo certo, era bem quisto na família e tudo corria bem. Mas, a aliá queria casar logo e seu tamanho, muitas vezes deixava intrigado o leão. Para beijar então, era um sufoco. Praticamente, o leão tinha que subir numa escadinha para achar a boca da paquiderme. Outrossim, a aliá tinha o péssimo hábito de jogar o seu amante prá cima, pro lado, prá baixo, enfim, o leão parecia uma bolinha de ping-pong em suas mãos. Como tudo na vida parece que tem limites, um dia o leão enjoou-se e acabou desmanchando o namoro.
     Vendo-se livre, o leão procurou logo outra namorada. Foi quando apareceu Claudete, uma hiena. Ela era muito risonha e vivia caçoando do leão. Um belo dia ela fingiu-se de freira, usando um hábito das mais conservadoras e foi ao encontro do leão sem ele saber, falando:
-     Aqui, meu jovem é uma serva dos céus e você precisa ser mais humilde, amoroso, acabar com seu instinto selvagem. Em suma, você precisa ser mais humano, só que bicho.
Desse jeito ele viraria tapete, pensou o leão. Que atitude antileonina! Além de tudo a dita freira fazia mais exigências, mas ao longo dos conselhos ela deixou cair o chapéu e apareceu a hiena, rindo igual uma múmia depois que ressuscitara! Parecia que estava no circo. O leão sentindo-se ofendido, disse bem alto e em bom tom nos ouvidos da hiena:
-     Eu não quero ser humilde ou ser bom, ou ser humano. Eu sou um leão, o rei dos animais, aquele que ruge e não foge da briga.
Ao que a hiena saiu correndo, esbaforida e nunca mais voltou.
Sua próxima namorada foi uma vaca malhada chamada Marli. Era uma vaca sadia, forte e cheia de amor. Ao ver o leão, ela logo se apaixonou e achou que poderia casar com ele. O leão que nunca fora envolvido com juras de amor, ficou meio intrigado. Se os dois casassem, que tipo de filho nasceria, um leão metade vaca metade leão. Seria um leãovaca? Ou uma vaca com a cabeça de leão e o corpo bovino? Ora, fica difícil de prever. Mas continuaram o romance. A vaca tinha péssimos hábitos, numa reunião social por exemplo, ela vivia soltando “pum” e muitas vezes, urinava em pleno público e até evacuava, sem a menor cerimônia.
O leão, recatado e cheio de hábitos finos, achava tudo aquilo grotesco! Foi num baile social onde haviam vários bichos que a vaca caiu do cavalo. Ela resolveu urinar e defecar no meio do salão. Tudo aquilo serviu de pretexto para que o leão acabasse o namoro, afinal de contas, se fossem casados, um belo dia a vaca poderia defecar em cima do leão, e vocês caros leitores, já poderiam imaginar o que aconteceria?
Parece que a empreitada de achar uma namorada era cada vez mais difícil. Todos os animais que o leão achava tinham problemas. Mas ele não desanimava. Um belo dia, encontrou uma ovelhinha, por quem se apaixonou.
A ovelhinha se chamava Elza e era toda cheia de recatos. Vejam bem: detestava leões pois não queria virar seu prato principal, queria um namorado do seu tamanho, se possível da mesma raça. O leão porém, esclareceu a ela que era vegetariano, e não devorava ninguém. E assim, marcaram o primeiro encontro.
Elza pintou-se toda. Passou perfume da Xuxa. Usou brincos idênticos da Miss Universo. Passou gel alisador em seus pelos. Enfim, ficou uma verdadeira dama brilhosa, hálito perfumado, passos elegantes e foi ao encontro.
Nataliudo, o leão, também se produziu todo. Ficou um verdadeiro “gato”, perfumado, elegante, esguio.
O primeiro encontro foi num banco da praça. Os dois abraçaram-se e sentaram-se, um ao lado do outro. Pareciam Romeu e Julieta.
Conversa vai, conversa vem, o leão foi logo dizendo:
-     Puxa, fiquei gamado com seu olhar sensual, seus cascos pretos, sua boca magnífica. Você é um encanto.
Ao que lhe retrucou a ovelha:
-     Eu também gostei de você, você é simpático, elegante, bonito. Que tal irmos para casa conhecer a minha coleção de cd’s. Tenho desde Maico Jekson até Beethoven.
-     Sim, podemos ir.
E foram para o potreiro da ovelha. Quando o leão chegou, foi logo percebendo o mau cheiro.
-     Puxa, como uma digna dama, poderia morar num lugar tão fedido, pensou o leão. Isso aqui parece filial do esgoto municipal.
A ovelha não se fez de rogada, foi logo tirando a roupa e partiu para cima do leão. Quando ela abriu a boca, foi aquela decepção: tinha poucos dentes e o hálito então, era de matar! Ao ver tudo aquilo, o leão foi saindo devagarinho e fugiu!
Um belo dia, o leão encontrou uma moça que era agricultora e foi falar com ela. Puxa, como era bela! Tinha os olhos cor de mel, os cabelos pretos esvoaçantes, o rosto moreno, a fala meiga e suave, uma verdadeira deusa!
O leão sentiu-se valorizado ao falar com ela, e logo se apaixonou, pois ela irradiava amor, graça, alegria. Não perdeu tempo e foi logo pedí-la em casamento. O pai da noiva assustou-se! Mas como negar tal pedido? E foi logo falando:
-     Ter você por genro, me agrada, mas antes disso, deve cortar tuas garras e teus dentes, de modo que teus beijos e abraços não machuquem minha filha.
Nataliudo, a tudo consentiu, tão enorme era o seu amor. Porém, ao passar perto de um bando de cães, eles caíram em cima dele, sem que o mesmo pudesse opor-lhes resistência, pois estava sem dentes e sem garras. Assim, o leão que tanto escolheu, acabou estropiado, deixando claro que quem muito escolhe acaba ficando sem ninguém.


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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