“Percebe com toda a tua força.
O além daqui, aqui mesmo.”
Jorge Xerxes é ponto de partida dentro da literatura despojada, onde revela vários aspectos da vida humana. Autor do livro “As Cinquentas Primeiras Criaturas”, em cinquenta textos: poemas, crônicas e contos.
Criaturas, por que trata do descalabro, da queda da humanidade, onde o autor se manifesta de maneira incomum, mas com muita arte, sensibilidade e criatividade.
“Talvez seja por isso que eu escrevo para o leão: No fundo, eu e ele sabemos que a melhor forma de comunicação é fingimento de uma compreensão forjada na preguiça de entender.”
O ponto de partida de Xerxes é que, com as mudanças aceleradas no cotidiano, os homens são mais resistentes ao pensamento, à criatividade, principalmente quando a abordagem é o tempo e o próprio ser humano como crítico.
“Diogo era um homem pequeno. Simplório. Calejado. Abandonado na crosta terrestre. Deslocado da escória do ser humano. Ele crescia para dentro. Há tanto tempo que dentro dele havia um gigante.”
Ao pensar em questões mais complexas, ligadas às atitudes das criaturas, Xerxes trata na sua obra os diferentes segmentos sociais, que simbolizam a capacidade criativa, convertidos em instrumento de lutas contra a exclusão e a discriminação no cotidiano.
“Outro dia fui abordado durante a refeição: “Você sabe me dizer se viu alguém levando garfos daqui deste recinto?”. Como não sei mentir, tive que apelar para uma linguagem metafórica: “Você quer dizer componentes de discos voadores?” Ao que o serviçal respondeu com um sorriso no rosto e uma pitada de ironia: “Essa foi boa! Deixa pra lá; um imbecil como você não seria capaz desse tipo de coisa.”
O ponto de chegada é ler o livro, literatura narrativa, no mínimo diferente e no máximo atrativa. Isso quer dizer que as palavras se integram entre ficção e realidade num pacote incomum, que engloba todas as histórias contadas do ponto de vista do autor, Jorge Xerxes, como desafio.
“Escrever é a expulsão de uma dor absoluta. A nossa Terra tem inúmeras frestas para magníficas vistas: mas quão efêmeras! Todo resto é a mazela humana. Lama da qual o trabalhador vai se despojando. Fica registrado o anseio infinito, que de tanto querer, um dia depois do outro, é da matéria pensante que o futuro se molda.”
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Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |