Estações
Todos temos outonos.
Você perde um cadim de coisas, fica sem fé, sem esperança, sem qualquer tipo de crença... A roupa do corpo perde o sentido moral e imoral também. Pra que se vestir, quando o que lhe importava escapou por entre seus dedos? Pra que se proteger da sociedade, quando dela você já não faz parte?
Todos temos primaveras também.
Faz parte do nosso crescimento e evolução sentir dor, sofrer. Mas isso é uma oportunidade. Por trás dos momentos mais hostis e satânicos, vista com bons olhos, sempre haverá uma marca dos dias melhores. A corda do balde, sempre irá alcançar o fundo do poço.
Entre a troca de núvens e o parto do sol, você começa a ganhar novos avais. Lá na ponta do galho, mirando com ousadia para o céu, haverá uma folha, um sinal de restauração. Quando isso acontece, você reconquista aquilo que tinha se perdido. Alguns são privilegiados pelo húmus: ganham frutos e flores. Você volta ouvir o canto dos passarinhos. Se distancia da ventania.
Eu mudei de estação. Já entrei no verão. Ganhei um prêmio de luz do Astro-Rei. Ou banho de Ouro, como queiram...
(Rafael B. Sanches)
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