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Não trouxe nada demais para você
Solineide Maria de Oliveira

Não trouxe nada demais para você,
Apenas um poema, feito numa mesa velha de madeira.
Madeira gasta, madeira marcada.
Algumas vezes tomei café nesta mesa...

Pensei tantas vezes em viagens que não fiz,
Não pude fazê-las.
Viagens literárias apenas.
Viagens –metafóricas.

Nesta mesa também estudei por
Longas noites, as provas do primeiro grau.
Au, au...
O lobo mau da alegria.

E, de vez em quando, recebi os amigos,
Adolescentes e cafecólatros,
Feito eu.
Todos eles muito queridos.

Sumiram. Falamo-nos. Emei-amo-nos.
Acho que cresci aqui, sentada ao redor
Desta mesa de cozinha.
Não gosto, ainda, da minha.

A mesa que adquiri é de outra matéria,
Veio de retalhos de madeira,
Nem são retalhos de madeira...
Sei lá. Há a falsa ideia de madeira.

Mas está certo não é?
Afinal cortar madeira é crime.
Será mesmo verdade?
Não sei mais onde encontrar a verdade...

Mas sabia? Que petulância a minha:
Encontrar a verdade...
O que se deve saber é o que se sente.
E amo você.

Sei bem disso,
Porque meu coração treme,
Minha mão sua,
Minhas vistas procuram a sua presença.

É assim quando você está.
E todas as coisas que penso, pensava,
Desaparecem.
Todas ficam serelepes demais.

E as horas são minhas inimigas.
O relógio é um homem frio sabia?
Ele tem inveja das horas...
Ele tem inveja de não ser as horas.

Porque as horas passam, passam...
Ele apenas habita a ideia,
De reter as horas.
De aprisionar o tempo.

O tempo de ser o que queremos,
O que amamos,
O que aspiramos.
O tempo de amar você.

O tempo de ver você,
De ouvir você,
De desejar você
E de esquecer as horas.

Ser feliz com o tempo
Cobrando o que não virá,
Mas virá.
Dizendo vai passar, passou...

Tem como?
Tem como esquecer que depois,
Depois,
Já foi.

Tem como agarrar este momento,
Este, enquanto escrevo para você
Um poema que não queria ser triste:
Mas como ser feliz e não ter você?

De onde nascem as horas?
Como, talvez, abduzi-las
A serem horas para sempre
Felizes?

Como seduzi-las tanto,
A tal ponto,
De maneira a fazê-las sentirem
Que o amor necessita de todo o tempo do mundo.

Porque ser e não ser,
Ter as horas e não tê-las,
Ir e não sair de si:
São questões indefiníveis.


Eu queria ter algo muito especial
Para lhe presentear,
Mas sou uma pobre poetisa,
Que apenas ama você.

Tenho o dom, parece, de compor poemas.
E, parece, o de não lhe esquecer;
Por mais que meu ser
E o tempo, não seja o mesmo.


Biografia:
Solineide Maria de Oliveira nasceu em Itabuna, onde começou a escrever versos tímidos, inseguros, infantes. Da luta estudantil, herdou um pouco de coragem e seguiu escrevendo. Em 1998, participou de muitos saraus e chás com letras como Membro do Clube dos Poetas Sul Bahia de Itabuna, quando foi convidada, por Demóstenes Almeida, poeta e amigo, a participar de uma antologia de dez poetas grapiúnas que levou o nome de Antologia dos Dez. Dois anos mais tarde, participou da Antologia dos Poetas Vivos, com organização de outro poetamigo, Donaciano Macedo. Em São Paulo, onde viveu sete anos, participou das edições da Antologia Caleidoscópio de 2004, 2005 e 2007 pela Editora Olho D’água. Conheceu o Professor Dr. Gabriel Perissé, naquela época, Coordenador do Projeto Mosaico Escola de Escritores, numa casa na Vila Madalena, ainda em São Paulo. Ele se torna um incentivador querido do seu fazer poético. Nas reuniões que aconteciam às terças e quintas-feiras, regadas com literatura e amizade, conhece poetas-pessoas que permanecerão em sua vida: Antônio Draetta, Deise Assumpção, Paula Faraone, Simone Paulino e outros. Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Seu livro mais recente chama-se ALI LONGE NO MAR, lançado pela Editora Scortecci (de São Paulo).
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