O instante da redenção |
Martinho Totta |
Era mentira o que diziam
Nunca houve uma manhã de carnaval
Ao menos naquela cela fantasmagórica
Povoada por imensos monstros da memória
Aquela velha de aparência tão constrangedoramente gasta
Em nada lembrava a famosa concubina selvagemente cortejada em tempos idos
Seu parco mundo formava um universo paralelo
Contrário aos luxuriantes folguedos das ruas
Aquela velha era um espectro proscrito de outra idade
E prostrada numa pobre cadeira de madeira
Tão velha quanto ela própria
Aguardava paciente e tristemente
O instante da redenção
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Martinho Tota
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