Escrevo versos, trauteio poesias, ressuscito inúmeras juras de amor, mas não me vejo.
Estrago o sono, me pego escrevendo rimas, recito desconfortos, mas não me vejo.
Palavras jorram de minha mente como o sangue que escorre de mãos injustiçadas, cortadas e arrancadas daqueles que ainda insistem na poesia, dedico a minha última gota, mas não me vejo.
Sei o que aquela pessoa quer, também sei do que o mundo gosta, mas não sou daqueles que entregam sempre as mesmas flores, os cartões não mudam de nome, é verdade, e infelizmente desta forma fico a deriva, tento agir da minha maneira, mas não me vejo.
Os dias ficaram cansados de uma formula nova, é mais fácil rir do que já existia, o que surge novo é sempre a mesma droga, estamos exaustos de cuidar de uma nova cria e também reféns da sempre cansativa e repetitiva risada, ademais, nossa cultura é o que nos guia, se teu nome está estampado na capa de jornais, você faz parte desta vil magia; procurei mudar, mas não me vejo.
Minhas palavras, minhas poesias, alegram pouco mais do que uma mão espalmada, juro que tentei mudar a mesmice que contagia, mas sou ninguém e não possuo voz; e o pior é saber que o povo não faz a mínima questão de mudar, é pouco trabalhoso aplaudir a merda corrente dos telejornais, do que regar o que um dia pode trazer alegria.
|