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Segunda-Feira
Mirailton Almeida

Resumo:
Crônica do dia a dia.

Vazio. Esse é o adjetivo correto para definir o que sinto nesta segunda. Uma segunda-feira vazia. Este dia da semana é amplamente odiado, classificado com várias adjetivações, pois ele dá início a rotina diária de uma nova semana de trabalho que se prolonga até a sexta-feira ou sábado. Mesmo assim ele nasce cheio de sentimentos que serão dispersos no decorrer da semana de trabalho, até que a gloriosa sexta-feira venha salvar a sofrida semana.
No entanto, para mim, o vazio não irá se dispersar porque depois da segunda, estarei aqui no mesmo lugar, experimentando o vazio da inatividade, sem perspectiva de preenche-lo com atividades que me façam utilizar de outras maneiras esse mesmo vazio que se segue dia após dia. Raros são os casos de pessoas que enfrentam a segunda com satisfação, seja por estarem totalmente satisfeitas com as suas atividades, cargos que ocupam, seus salários, locais de trabalho e compromisso para com suas responsabilidades.
Há muito tempo não havia experimentado tal sensação, uma vez que durante os últimos anos estive plenamente ocupado, exercendo uma função numa organização que absorvia todo o meu tempo, arrastando-me nessa legião de trabalhadores que demonizam a segunda-feira, mas também abraçam com unhas e dentes as suas ocupações para conseguir se manter dentro de um quadro de normalidade e de sobrevivência. Infelizmente, não consegui remediar a situação, estando já a meses desempregado, sendo minado pelas sensações de vazio, perda, infelicidade, baixa autoestima e outros sentimentos menos nobres. A luta é constante para que estas sensações ruins não se tornem mais fortes que tudo aquilo em que você acredita, pois, manter a esperança de dias melhores é sempre um afago ao ego sofrido com toda esta situação.
Ao olhar para trás estão sempre presentes as lembranças das coisas que não consegui cuidar, conquistar ou deixar escapar oportunidades que aos olhos de hoje jamais seriam perdidas. Um sentimento de culpa invade você e, nega-lhe o perdão por achar que a responsabilidade por aquilo não conquistado se cabe ao seu modo de agir em determinadas situações, hoje interpretadas de forma totalmente diferente como se possível fosse ocorrer um replay do fato – não, não é uma transmissão de jogo de futebol, onde é possível rever o gol várias vezes sem alterar o resultado. Aí começa a grande batalha: rever o passado, conduzir o presente e moldar o futuro num caminho que possa dar resultados.
O passado não é modificável. Todas as coisas porque passamos tem seus sabores, às vezes agradáveis, outras intragáveis, acompanhadas de terríveis sentimentos que nos colocam nas piores posições do sentimento humano. O presente te recorda todo o dia da tua realidade, e a medida que se transforma em passado, cobra a qualidade das tuas ações para que você possa construir algo que venha a chamar de um futuro prospero. Já esse tal de futuro é altamente exigente e está a todo momento te chamado de incompetente por não ter sabido como conduzir o presente que levou a sua formação. Que tríade difícil de se lidar.
A sua capacidade de manter o equilíbrio é a todo momento testada diante da iminência de falta de recursos e como responder às necessidades diárias de sobrevivência. Procurar soluções é um quebra cabeça imenso a martelar a sua cabeça dia e noite de forma cansativa, tirando o sossego daquelas que deveriam ser as horas de melhor proveito do seu dia.
Assim o vazio da segunda-feira vai se estendendo por toda a semana, transformando os outros dias em eternas segundas, que parecem intermináveis.


Biografia:
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Crônicas Segunda-Feira Mirailton Almeida


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