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Rua barão de Loreto
Luiz carlos souza santos

     
        Quem mora ou já morou no famigerado bairro da Graça, na cidade de São Salvador, certamente já deve ter ouvido falar na rua Barão de Loreto, rua esta, bastante peculiar. Primeiro pelo seu formato em U, segundo, por ser meio de ligação entre a periferia e a nobreza. Pra quem não sabe, a rua Barão de Loreto, liga o bairro da Graça ao bairro Calabar, bairros estes, divididos pela avenida Centenário. E pensar que morei naquele bairro nobre por alguns anos. Sim, morei ali, já próximo à avenida Euclides da Cunha, (se prestar atenção no nome das ruas do bairro, só vai encontrar figuras históricas e Barões), mais precisamente nos números 8 e 10. Com certeza quem já passou por ali, já deve ter observado duas casas amarelo ouro, do lado direito de quem sobe, bem em frente ao edifício Ogodum 7. Alguns anos que morei naquela rua de PIB elevadíssimo, percebi o quanto é difícil um pobre de Jó morar entre os mais abastados.
        Alguém deve estar se perguntando. Como um pobre de Jó moraria na Barão de Loreto? Se fosse mulher, certamente diriam. Deve ser doméstica ou babá e mora no serviço, no quarto da empregada, mas como é homem, muitos pensariam outras coisas. Apesar de não ser trabalhador doméstico, coube a mim a tarefa de cuidar e zelar de duas casas naquela rua que conhecia como ninguém. Sim, deveras conhecia aquela rua, pois a varria, mexia nos lixos dos prédios recolhendo módulos do Sartre que algum filho de barão utilizou no ano anterior, conhecia a maioria dos trabalhadores, pegava alguns iogurtes que estavam vencidos na delicatessem Deli e Cia, sem falar em dona Vilma, senhora muito gentil que morava no primeiro andar do edifício Ogodum 7 e sempre me mandava comprar uma carteira de cigarro Carlton e sempre deixava o troco comigo. Além de conhecer a rua no seu sentido literal mesmo, conhecia também alguns edifícios, visto que no horário de almoço, para garanti-lo, tinha que entregar quentinhas e água mineral de 20 litros, e só após pagar essa etapa, o almoço no bar do Dedeu estava garantido. A famigerada rua Barão de Loreto me deixou marcas indeléveis. E pensar que morar ali, só me foi possível porque fui como um mero trabalhador do interior. De fato, morar, morar mesmo seria um sonho quase impossível, pois até o pão que estava na Deli e cia a 100 metros de onde morava, não podia compra-lo, pois tinha que me deslocar ao bairro Calabar. E penso que a rua Barão de Loreto é realmente lugar de Barões.










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