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V - Aquarius
Europa Sanzio

[ESSE TEXTO FAZ PARTE DE UMA NOVELA, COM ESSA SENDO A QUINTA PARTE]

Sexta-feira, 18 de Agosto

Senhores, ouvi boato de que o causo que me atormentava enfim estourou. Se assim for, terei que lhes contar certas coisas sobre mim que ainda não conhecem. Há várias, admito, não pensem que sabem muito sobre mim, posso surpreendê-los.

Mas bem, há apenas boatos. Tão ínfimos! Afinal, a causa está ligada a uma pessoa e esta, caros, é pequena e de importância alguma para quase ninguém. Portanto, tudo o que terei será muito pouco e não faz bem sair por aí perguntando. Por isso mesmo vim até a praça, onde tudo se ouve, fingir que estou esperando pelo cardeal da igreja. Se ele aparecer antes de eu desistir de esperar por alguma notícia, invento alguma coisa para ele, isso me é o de menos por hora.

Estou tão transtornado com tudo que até escuto um zunindo em meu ouvido, que atrapalha minha atenção nas conversas das senhoras e senhores que fofocam aqui por perto. Tão aflito que tudo ao meu redor passou a girar em um ritmo nauseante e enjoativo! Incandescente, até a cor da tinta nesse papel me importuna; é de um azul que me lembra fervura, calor! Tudo ficou mais quente e parece que vou cair nesse chão! Tudo isso por uma besteirinha, meu santo Deus. Nem sei lhes explicar por que de tanto alarme meu. Se for obrigado a contar tudo, terei vergonha! Os senhores saberão e dirão "Mas foi por essa coisinha que esse homem tanto se torturou ontem?" Ah, o quanto a desonra não nos pesa! Tai a única coisa que não se desaparece com o tempo! Os dias só a multiplica! Os anos, então... Por isso, se essa raspa de besteirol um dia chegar à posteridade, a única boa coisa que posso aconselha-los é isso: nunca desonre a si mesmo.

Quanto falatório desses senhores! Falam de tudo e menos do que quero saber! Daqui de onde estou dá para se ter uma boa vista da casa lá, onde se passa o que ando a procura de bisbilhotar, mas está tão calma que parece não haver nem bicho. O único sinal de vida são as janelas abertas, deixando um vapor de panela sair aqui e acolá, as cortinas abarrotadas de frufrus tintilando para fora, o jardim gritando com suas flores! Ai, ai, tem de acontecer algo, seja nessa casa ou na voz desses velhos!

[CONTINUA]


Biografia:
Leio desde criança, quando comecei a achar o mundo enfadonho em demasia. Escrevo desde a adolescência, quando senti a necessidade de dissertar sobre aquele mundo tão tedioso. Prazer, sou Europa!
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