Quero pisar num leito de folhas apodrecidas pelo sal de minhas lágrimas;
E em meio ao sorriso de meus filhos alçar vôo e construir horizontes...
Mas para isto é preciso:
Purgar o sangue amarelado pelo tempo, poder e negócios e sem demora
Expulsar os pensamentos que ousam usurpar nossos sonhos.
Quero voltar a cantar no silêncio desta fria cela,
E com as mãos nuas cavar minha liberdade
(melhor gastar as unhas e dedos no concreto à ser escravo e passear acorrentado pelos jardins)
À noite, quando olhar minhas mãos vermelhas de terra e sangue,
Dormirei tranqüilo, pois Mefistófeles não comprou minha alma...
E em outras celas,
Com o mesmo canto, a mesma dor e sangue
outros túneis serão cavados,
amarras rompidas, cercas cortadas...
(no fim do meu canto sei que não estarei só...)
DARWIN FERRARETTO 12/08/2005
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