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Fantasias femininas - Casamento: proteção?
arletesalante@gmail.com

Resumo:
Tornar consciente os erros femininos de séculos é tarefa de cada mulher para não perpetuar falsas expectativas ou relacionamentos ruins.

“Casei muito jovem e, após a ‘lua de mel’, fomos diretamente para a fazenda aonde passaríamos a residir e a trabalhar. Ao entrar na casa, vi uma enorme aranha na parede da cozinha. Retornei rapidamente para o carro, onde meu jovem marido ainda estava, e disse a ele:
‘Tem uma enorme aranha na parede da cozinha’
Prontamente ele respondeu:
‘Não entro na casa enquanto a aranha estiver lá! Pensas que casaste com o Tarzan? Ou com o James Bond? Ou com um Tuareg? Volta lá e tira a aranha de lá, não suporto aranhas!’
Retornei um pouco desiludida, peguei a vassoura e levei o animal para fora da casa. Na verdade, para mim não custava nada, pois fui criada em contato com a natureza, meu avô tinha uma fazenda e, desde pequena, convivi tranquilamente com os animais.
Perguntei depois a mim mesma:
‘Por que solicitei ajuda ao meu marido quando dela eu não necessitava?’
Refleti muito sobre esse pequeno caso e a resposta é muito simples: nos agrada fantasiar que o homem é o nosso protetor, essa ideia nos agrada muito, está arraigada na estrutura social e, por isso, é muito difundida entre homens e mulheres. É uma proteção ilusória, na qual a mulher espera encontrar no homem aquilo que ela pensa necessitar. Uma das consequências é que, ao final, a necessidade de proteção pode passar realmente a existir, porque a mulher aceita e decreta a própria invalidez. Vocês já refletiram sobre isso?”
A crônica é de Maria Alice Schuch e revela uma verdade histórica sobre a educação das mulheres em dependência dos homens. Da educação familiar aos modelos sociais, todos reforçam, direta ou indiretamente, um modo de ser mulher. Aprende-se dentro de casa com as mulheres da família quando é atribuído ao pai resolver tudo. Mesmo as mulheres que não tiveram um pai ou, ainda, que este pai não resolvesse nada, transferem este desejo fazendo cobranças aos seus parceiros nas suas relações. Está no inconsciente coletivo e precisa se tornar consciente antes que seja considerado como destino!
A ‘norma social’ de dependência, velada ou explícita, é recorrente na fantasia do homem protetor que domina o inconsciente de muitas mulheres - ainda que existam plenas capacidades de ação, êxito e sucesso. Maria Alice escreve: “nos agrada fantasiar”. No entanto, a fatura desta transferência fantasiosa de responsabilidade é alta. Fantasias de proteção colocam a relação em risco pela perda de autenticidade e da força de vida natural que cada mulher possui.
Buscar ou manter uma relação como garantia de proteção é uma redução da própria capacidade. Fantasiar que uma história de amor preencherá as próprias faltas resulta em decepção, assim como culpar o casamento pela falta de autorrealização, nada mais é do que uma justificativa vitimizada e sem responsabilidade. É insustentável a expectativa de que alguém vai fazer para si o que a própria não fez. Tornar-se pessoa é tarefa individual e intransferível.
Tornar consciente os erros femininos de séculos é tarefa de cada mulher para não perpetuar falsas expectativas ou relacionamentos ruins. É preciso uma boa dose de responsabilidade e comprometimento com a condução da própria vida.
Todavia, também é uma tarefa dos homens mudar a forma de tratar as mulheres, estimulando-as a se superarem. Não infantilizando ou inferiorizando as capacidades femininas como garantia de se manter no controle. Relações saudáveis não precisam de nenhum tipo de controle como garantia. Relações saudáveis acontecem com apoio mútuo, visando o crescimento e a autorrealização de ambos.

Psicóloga Arlete Salante
CRP 07/22612
www.arletesalantepsicologia.com.br
arletesalante@gmail.com


Biografia:
Vivo o poder transformador da Psicologia na vida das pessoas promovendo o desenvolvimento humano. Fui viver em Brasília (DF), em 2001, e lá fiquei por 14 anos, deixando de ser apenas gaúcha para me tornar brasileira. No contato diário com pessoas de todos os estados, além de muitos estrangeiros, alarguei minha cultura, ampliei e enriqueci minha visão de Brasil, de mundo, de sociedade, de Psicologia, de economia, da política, e do funcionamento dos meios de comunicação de massa. Fui consultora da FGV (RJ) atuando com profissionais de diversos órgãos do Governo Federal e, com o olhar da Psicologia, enxerguei o Brasil por dentro, além das aparências e cargos. Aprendi muito, me capacitei como profissional na experiência prática de longas jornadas de trabalho, sempre embasada por estudo contínuo, especializações e cursos. Abri meu Consultório de Psicologia que se tornou a Espaço Clínico, uma clínica de Psicologia com equipe de psicólogas especializadas em atendimento clínico. Assim, tive minha experiência de gestora, dividindo meu tempo entre psicoterapia, eventos da clínica, liderar a equipe e administrar o meu negócio que, por sucesso, foi vendido. Era hora de mudar e, em 2010, fui trabalhar na Câmara dos Deputados para o desenvolvimento humano por meio de projetos nacionais relevantes aos brasileiros, como o Marco Legal da Primeira Infância e a política sobre drogas. Trabalhei com líderes políticos e aprendi na prática a psicologia da liderança em ação. Em 2014, retornei ao RS, transferi parte das minhas atribuições, intensifiquei novamente minha atuação como Psicoterapeuta e Consultora. Tornei-me docente de graduação e de pós-graduação. Assino uma coluna semanal no jornal local, chamada de Psicologia na Prática, que mantive por dois anos. Hoje, sou coautora em três livros de publicação nacional. Ministro palestras e cursos, atuo em consultoria empresarial, grupos de mulheres e sou doutoranda em Psicologia. Pesquiso a subjetividade feminina a partir da Psicanálise de Gênero, recentemente desenvolvida na Argentina, o que permite novos e libertadores olhares para a condição psicológica das mulheres. Você encontra mais sobre meu trabalho e publicações no site: www.arletesalantepsicologia.com.br
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