E assim foi passando o tempo. Não me via em outro lugar a não ser aquele. Um dia, ouço o barulho de uma aeronave se aproximando corri para minha casinha e me escondi. Não sei porque fiz aquilo, mas tive medo, não via um branco ha quase dois anos. Passado um tempo vieram me chamar. Me dirigi ao centro da aldeia e la estava um homem, o novo administrador do Parque.. Acho que ele ficou mais surpreso do que eu. Era como se ele não soubesse que eu morava ali. De pronto determinou que eu seguisse com ele para Brasilia, afim de resolver isso. Tive que obedecer, muito contrariada. Em Brasilia depois de muito procurar, acharam meus documentos. Eram tempos dificeis, regime militar no pais. Me mandaram de férias para a casa de minha mãe em São Paulo. E la fui eu. Mas francamente, não fiquei 15 dias. Ali não era mais minha vida. Encontrei os poucos amigos que eu tinha e achei as conversas tão vazias, tão frívolas. Eu não pertencia mais áquela sociedade. Voltei para o Xingú. Fui designada a ficar no Posto Leonardo, distante do povo que eu tanto amava. Não vou entrar em pormenores, mas foi ali que me envolvi com um indio Kamaiura. Foi uma coisa de hormonios. Eu era jovem, carente, e juntou-se tudo, engravidei. Fiquei apavorada, um filho? como falar para minha mãe? O que aconteceria? a barriga começou a crescer e as mulheres da aldeia davam risadas e me chamavam de parente. No quinto mes de gravidez teve um surto de malaria em Roraima nos Yanomamis e me mandaram para la. fui né. Não dava pra negar, regime militar se obedecem as ordens. Olha foi dificil. Tudo em Boa vista era muito caro, fiquei num alojamento com outros dois funcionarios, o calor era terrivel e nos atendimentos tinhamos que andar por hora no meio da selva para chegar nos acampamentos dos indios. Aguentei por 3 meses minha barriga estava enorme, engordei 20 kg,, então pedi para ganhar o nene em São Paulo. E la fui eu, menti para conseguir embarcar no avião. E fui ganhar nene em casa. Quase apanhei de minha mãe que só não falou que eu era santa. E não me aceitou em casa. Imagine, filha solteira com nene Nunca. Apos 11 dias que ele havia nascido ainda me recuperando de uma cesarea, voltei pra aldeia. E la fiquei ate o menino fazer anos. Então resolvi pedir transferencia, ja que estava ficando estranho. Os índios levavam o menino pra aldeia e depois não queriam me devolver. Foi feito um verdadeiro esquema para eu sair de la com a criança. Fui então para Cuiabá, trabalhar com ouutras etnias.
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