ao entardecer lhe vi ponderando em uma cadeira na sacada de sua casa
o seu olhar se dirigia ao pôr do sol direto do morro
arrisco em dizer que foi uma das visões mais bonitas que já tive o prazer de presenciar.
sua pele morena reluzia sobre os resquícios de raio solar, lhe conferindo um tom ainda mais belo
seu cabelo encaracolado inferia a sensação de dejavu, como se eu já tivesse os tocado em algum momento da vida.
com sorriso no rosto me contou sobre suas histórias de infância e como amava seu bairro
e eu passei a amá-lo também.
falamos sobre o pôr do sol e como a vista dali de cima era incrível.
ao anoitecer, o céu ainda era nosso foco, abrindo espaço para as estrelas.
empolgado, mostrou-me a constelação que se formava naquele céu do dia 30
eu, míope, não conseguia enxergar bem
rindo, descreveu cada detalhe da forma em que se encontravam
fingi que entendi.
eu, tagarela, não parava de falar.
em algum momento, uma das minhas longas falas foi interrompida com um beijo teu
de início estava convicta de que isso não iria acontecer
efeitos da autosabotagem.
daí em diante estávamos ainda mais conectados pelo momento.
a forma como você me olhava
e questionava sobre o porquê de eu não conseguir me achar bonita
e era o oposto disso.
em algum momento seus dedos foram em encontro ao meu cabelo
tinha acabado de cortá-los.
tu, como um bom leonino ~egocêntrico~ tentou elogiá-los
e “ficou foda” foi o máximo que conseguiu
ri.
em poucas horas conversamos sobre amor, metas de vida e como ela é cheia de coincidências
o tempo voou.
hoje, não sei bem o que poderíamos ter sido
deixo isso para um universo alternativo
ou pra um futuro distante.
30 de março foi marcante
senti coisas inesperadas e indescritíveis
talvez isso tudo soe como exagero
mas é sobre o que sou
intensa.
momentos me marcam, dias também
assim como você
e ficou lá atrás, junto com eles.
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