Tenho o céu que me olha
e a lua que me espia
nesta noite fria,
tenho setembros sem outubros,
tenho a lucidez da luz
e a claridão do escuro,
entre sentir e pensar,
esta poesia que reluz...
Completa sem latitudes,
pela metade que se basta,
sem pecados ou virtudes,
apenas a alma casta...
Tenho o papel que me espera,
palavras não ditas por medo,
vivo o amor com se uma fera
viesse se alimentar dos meus segredos...
Frio sem nenhuma língua de brisa,
quente como chocolate sem lábios,
vivo a miséria da matéria lívida,
meu coração é meu único sábio...
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