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O Dilema de um tolo apaixonado.
Vitor

Resumo:
Andrew se apaixonara mas devido sua timidez, ve suas possiblilidades de sucesso se esvairem entre seus dedos e tem que tomar uma decisão para remediar a situação.

A noite se arrastava e Andrew Bertolli, que sempre fora prodigioso ao escrever, se deparava com uma folha em branco por mais de horas. Não conseguia pensar em nada, exceto nela.

     Ele era capaz de lembrar nitidamente cada ínfimo traço de seu rosto. Os carnudos lábios dando forma ao abundante sorriso, grandes olhos castanhos cheios de vida, seu perfume, sua voz... Ah sua voz! Podia até ouvir mais uma vez aquela rizada que o desarmava, deixando-o um pouco mais bobo que o normal.

     E o devaneio se foi e um suspiro de saudade rompe o silêncio. Andrew se levanta e vai até a adega a procura de uma boa garrafa. A situação necessitava de alguns longos goles de vinho.

     Decidas as escadas, Bertolli se encontrava diante de sua coleção. Diversas marcas e safras, até que seus dedos repousaram por no Viña Tondonia Gran Reserva 1991.

     Essa garrafa amadureceu por quase duas décadas e meia, viajou pela Espanha e agora se encontra a ali anestesiando sua mente. E enquanto a degustava, sentado confortavelmente em sua cadeira, pode perceber uma aranhazinha no canto superior da janela aberta, construindo sua teia. Nunca havia visto antes tal coisa, e se impressionara com seu trabalho e dedicação.

     Primeiro tecera alguns fios para servir de base para a estrutura e rapidamente dava volta e mais voltas em torno do centro e passado alguns minutos esta estava feita, linda e cintilante sobre a luz do luar.

     Após sair desse transe, Andrew então percebe que sua taça, assim como sua garrafa já estava vazia. Deixando-os sobre a escrivaninha e com a cabeça mais leve do que gostaria, ele encara seu algoz; a folha continuava em branco.

     – Oh céus! O que escrevo para ela? – E virando para sua companheira de oito patas
     – Me diga amiguinha, o que eu faço?

     Engraçado o que o álcool pode fazer ao homem!

     Como não houve resposta alguma, Andrew se conformou em começar a atarefa que prorrogara até então. Talvez devido a leve embriagues, desta vez ele e escrevera como nunca.

     A caneta num movimento frenético rapidamente ia dando forma uma linda poesia. Ao finda de sua odisseia, o autor olhava, com um misto de incredulidade e admiração, sua obra recém-concluída.

     Juliana, a musa do poeta, chegaria no aeroporto às 19h 47min do dia que estava para amanhecer.
     
                      ***

     Andrew a conhecera por acaso numa terça nos corredores da biblioteca costumava ir e pela primeira vez na vida, falar sem pensa lhe fora útil naquela manhã.

     – Linda camiseta dos Beatles

     – Ah... Obrigada! – Respondeu a moça um tanto perplexa. – Você gosta de Beatles?

     E conversaram um pouco e cada um seguiu seu rumo sem ao menos saberem o nome um do outro. Mas graças ao abençoado Zuckerberg, e um pouco de sorte, a situação pode ser remediada alguns dias depois.

     Não necessitou de muito tempo para que seu interesse crescesse por ela, e após algum tempo, num fim de tarde de um sábado nublado, a chamou para sair. E como foram incrível para ele o tempo ao lado dela, poderia ouvi-la por horas! Seus gostos eram muito parecidos e ele se sentira sortudo dos dois terem se conhecidos.

     Eles se davam bem, e ambos se divertiam. Andrew acreditava que ela talvez gostasse dele também mas sua falta de atitude e desenvoltura não permitia ele transcendesse o "apenas amigos"

     Ele não queria ser só um amigo. Mas também não sabia como dize-lo.

     E ela teve que partir para que Bertolli percebesse o quão tolo havia sido até então. Esperava sua volta, receoso que fosse tarde demais.     

                      ***

     No terminal rodoviário lá estava ela sentada no banco com algumas malas ao lado.

     – Gostaria de ajudar com as malas senhorita?

     Ela ao levantar os olhos abriu um sorriso

     – Andrew, a quanto tempo! – E deu um grande abraço nele.

     – Me desculpe pelo atraso, peguei um transito terrível. Faz muito tempo que você esta esperando?

     – Não se preocupe, cheguei agora pouco.

     O trajeto foi bem animado, com ela falando mil e uma coisas sobre a África e como se aventurou pelas savanas em sua pesquisa. Andrew que mais ouvia do que falava, estava pensativo. "Como será que isso vai acabar?"

     Chegando em casa, Juliana o convidou para jantar. Eles pediram comida chinesa por telefone aquela noite eles comeram yakisoba. Andrew tentou ensina-la a usar os palitinhos mas acabou não dando muito certo e os dois riram da lambança que resultou.


     Terminada a refeição e o tempo para ia se esgotando... Juliana estava na sacada do apartamento. Era agora o nunca.

     – Admirando a paisagem?

     – Sim. Senti falta dessa cidade iluminada e pulsando de vida...

     Andrew colocou a mão sobre a dela em cima do parapeito da sacada. E virou-se para ela que lhe olhava de volta esperando ouvir as palavras que pressentira a noite toda que ele diria. E elas foram ditas. De forma estranhamente gentis e desengonçadas, seladas com um beijo.

     Ele podia sentir seu coração pulsar fortemente e ao mesmo tempo uma dor lhe atravessando. Em sua boca havia o gosto de sangue e em seu peito a lamina de uma faca.

     – Seu idiota, achou realmente que eu gostava de você?

     Assustado em sua escrivaninha , apalpando o peito enquanto ofegava, olhou pela janela e já era manhã. Após alguns goles de ar, finalmente se deu conta que estivara apenas sonhando.
     
                      ***

     O tempo passara depressa naquele dia, e logo a noite começava a vir. Andrew olhou para o relógio na parede, 19h 07min, hora de ir. Estava encucado com o louco sonho que tivera na noite passada, um mal prencentimento lhe rondava.

     A mesma pergunta martelava em sua cabeça "Como será que isso vai acabar?", começou a se perguntar se deveria levar essa ideia a diante. Vendo o poster do Anton Chigurh, que decorava a parede de seu escritório, meteu a mão no bolso retirando uma moeda de 25 centavos de 1994.

     “Cara” pensou consigo ao joga-la no ar a vendo rodopiar rapidamente pelo ar. Ao retirar sua mão sobre a moeda o sua expressão denunciava sua sorte.

     Olhou para o tempo nublado lá fora, e na janela continuava a sua amiguinha, agora se alimentando de uma mosca distraida.

     – Talvez seja melhor deixar essa ideia de mão né?
     
     Mas então Andrew, começou a ri de si mesmo, colocando de volta a moeda no bolso pensou: “é apenas uma moeda qualquer Chigurh” e pegando o casaco e as chaves do caro seguiu confiante para a porta.

     19h 11min e ele não iria se atrazar novamente...

     E na pressa, esquecera na escrivaninha o poema que tanto demorara a escrever. Mas a essa altura já não se importava mais diria alguma coisa gentil e desengonçada e torceria para não ser esfaqueado dessa vez.

                                                                      Fim(?)


Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Cartas Fragmentos da Vitor
Crônicas O Dilema de um tolo apaixonado. Vitor


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


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