Quando se começa a falar em medicina democrática, por se tratar de uma palavra genérica e que embora tenha a ver com tema aqui exposto, a brasileira, infelizmente está acometida de graves doenças, algumas com sintomas crônicos e incuráveis por desinteresse de más administrações que agem com base no quanto pior melhor, como exemplo da política do sistema de saúde do país.
No primeiro semestre do em curso, que para muitos começa todos os dias, o Conselho Federal de Medicina, considerando avanços democráticos ou desenvolvimentos técnicos, estabeleceu novas áreas nas ciências transitórias, objetivando atividades médicas com tratamento mais humano para os pacientes. O que pensar de como era até então?
Aqui me pego a questionar com conhecimento de causa, se até então os protocolos estabelecidos justificavam reclamações ou choradeiras de pacientes mal tratados, que rotineiramente são expostos principalmente nas mídias imediatistas, que às vezes, embora seus interesses, conseguem aliviar dores pela pressão que exercem.
As especialidades que ganharam nomenclaturas nesta última regulamentação do CFM, como a Medicina do Sono, Dor e Medicina Tropical, eram veteranas, pois seus princípios há muito tem acompanhamento médico especializado, e a que mais chamou a atenção foi a Medicina Paliativa, que pela etimologia da palavra sempre foi o “quebra galho” do sistema médico e que de filha rejeitada ganha certidão de nascimento.
Ops... Justamente aqui é que entra a democracia, ou seja, partir do reconhecimento destas especialidades pelas entidades que regem a Ciência Médica, os médicos, além de uma especialização que já tinham, sem titulação, doravante estarão oferecendo segurança ao seu paciente, e serão fiscalizados, confirmando que antes não havia responsabilidade técnica pelos cuidados exercidos e aplicados.
Agora o médico não poderá mais “quebrar o galho” do paciente, pois se quiser continuar a tratar a doença que já é especialista, terá que preencher os pré-requisitos em outras especializações mediante formação específica, sem os quais não poderá exercer aquilo que já fazia há muito tempo por esforço humanista próprio, proporcionando uma sobrevida, ou melhor, qualidade de vida aos seus pacientes, se voltando para o alívio de dores das doenças e não para os seus efeitos.
A Medicina Paliativa, além da ética médica propriamente dita, estará levando o médico a fazer parceria com a chamada “boa morte, para um paciente de câncer, por exemplo, ou outros pacientes de doenças crônicas que precisam de cuidados paliativos, quando na verdade, esta nova nomenclatura oficializada está trazendo nas suas entranhas a ortotanásia e a eutanásia.
Nela está implícito que em determinados casos clínicos, o paciente já não precisa mais receber intervenções, já que sua doença está em fase terminal, e em casos como este a Medicina Paliativa dispõe de outros elementos para tratamento, como por exemplo, um suporte emocional que proporcione conforto.
Sendo assim, não se trata de reconhecer que a eutanásia e a ortotanásia são condutas atípicas frente ao Código Penal, mas sim trabalhar numa perspectiva de proporcionar uma sobrevida confortável ao portador de uma doença incurável, minimizando o sofrimento, aplicando tratamento orientado por uma especialidade de nome novo, e o melhor transferindo, democraticamente, toda e qualquer responsabilidade para o paciente.
Habilmente, o Conselho Federal de Medicina introduziu o conceito de Ortotanásia, que significa morte correta; orto: certo, thanatos: morte, que significa o não prolongamento artificial do processo de morte, além do que seria o processo natural, embora amparada pela lei sancionada nos idos de abril, mudando seu nome para Medicina Paliativa.
Fiquem atentos senhores médicos, que a Ortotanásia, agora legal, não é um processo de caridade, pois pode se encaixar na previsão de homicídio perante o Código Penal, pois pode ser considerado um crime hediondo, ou seja, como uma modalidade de Eutanásia, muito embora a retórica as diferencie.
Possivelmente em breve veremos anúncio de cursos para ensinar a morrer, com base na desculpa do arrependimento daqueles que induziram um ente querido a tratamentos na expectativa de curá-los. Nunca é tarde para tentar, independente de fatores sociais ou causas de relacionamento.
A vida é uma multiplicidade de fatores. Todos têm direito a ela.
“O paciente não tem direito à morte, a terminar com a sua própria vida”, “O médico luta pela vida e não pelo sofrimento. O princípio da medicina é tirar a dor e prolongar a vida.
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