No quadrado fechado
Sem paredes, janelas ou teto
Estou a escrever minhas poesias
De inspirações por pacto direto
Nesta, escrevo o que vejo
E, vejo o que sinto
Encho-a com moral, dizer correto
Rompo-a com o alcool, o tal absinto
Iluminado por correntes estranhas
Num mar de puro achismo
O científico já silencia a boca
O folclore fulgura o metamorfismo
Na labuta do homem
O sonho já não é mais almejado
O concreto é real, o real é concreto
Pensar certo? Ignorado
Doze meses tem um ano
Cem anos tem um século
Verdades inquestionáveis, será?
Acredito no que me falam, em suma discreto
O amor que idealiza no presente
É o mesmo do passado
Amo quem eu quero e conheço
Numa passagem de viver enamorado
Escrevo em quartetos
Poesia simples e clara
Gosto de escrever assim, e daí?
O que conta é escrever com a alma
No existencialismo me procuro
Na fenomenologia me desperto
Que Husserl e Nietzsche me perdoem
Mas faço lira de seus pensamentos por certo
Um canto, dois cantos, três cantos
Se misturam no ar
Posso ouvi-los, senti-los
Porém, não consigo chorar
|