Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A verdade
A busca do mais saber
João António Fernandes da Silva

Resumo:
A verdade como conceito filosófico, e percebido de forma universal que nos transporta para uma razão existencial, que não pode ser discutida, nem discutível, que apresenta uma razão para existir que não conhecemos, mas que lutamos por ela, que nos faz movimentar no sentido de mais saber, sem ficarmos amarrados ao mit da razão e da crença.

Consultamos o dicionário e ele nos diz que verdade, significa conformidade com a realidade, exatidão, sinceridade, coisa verdadeira que é real.
A verdade por isso tenta excluir o oculto ou o mostrar, como quisermos entender, o que não significa que aquilo que não pode ser observado, e por isso encontra-se oculto, não seja verdadeiro, porque na realidade existe.

A realidade de que estamos a falar é daquela que pode ser observada pelo o indivíduo, que apresenta um plano que é paralelo à própria visão, que é observável até uma certa distância para além de nós, que permanece oculta para além de um determinado limite, e que deixa de ser observável quando o indivíduo inicia um movimento dirigido a um objecto.
Veritas do latim, refere-se à precisão, ao rigor, à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que realmente aconteceu.
Entre o fato acontecido e o relato do que aconteceu, intromete-se a linguagem e a memória, que não consegue captar a totalidade do fenómeno, e que varia de acordo com o indivíduo que observa.

Aquilo que observamos é o presente, para além do horizonte é o futuro que não observamos, e nas nossas costas é o passado que um dia foi observado.
Por isso a nossa visão da realidade é limitada e a verdade limita-se a essa realidade.
Se a verdade significa a conformidade com a realidade, nos quer dizer que a verdade é aquilo que observamos, que nos confere um sentido em relação a tudo quanto está posicionado no exterior.

Não parece por isso existir razão alguma que possamos perceber na verdade, mas apenas a descrição interiorizada daquilo que nos foi dado a conhecer um dia., em que a coisa verdadeira é o objeto exterior que foi observado, e que existe como coisa real, porque observado.
Verificar, averiguar, indica a busca de uma identidade e não de uma verdade, porque ela existe por si mesmo.
A exatidão da descrição da coisa real observada, nos garante uma maior identificação da coisa real.
Não parece que possamos encontrar o contrário da verdade, evocando a falsidade, como o não verdadeiro, porque encontra seu significado numa inexistência da realidade, onde nem sequer podemos observar a verdade.
O que parece existir é a distorção da realidade, devido a uma incapacidade humana de a descrever tal como é
Mas porque não a podemos observar, não significa que não exista como coisa real e verdadeira.
A falsidade não deriva do ser ou não verdadeira a coisa real, ou seja dos objetos que podem ou não ser observados, mas da nomeação da existência de determinados objetos que não existem na realidade ou nem sequer sabemos da sua existência real, e que afirmamos existir.

A crença parte deste princípio.

O que entendemos por um indivíduo verdadeiro, e por verdade, é essa afirmação das coisas reais que podemos observar e são observáveis, que tentamos reproduzir através das palavras, como forma de identificar a coisa real á realidade observada.
Existe por isso um processo de identificação e comparativo entre imagens observadas exteriores e as retidas no interior, que quanto menos pormenores divergentes existirem mais se assemelham.
Podemos deduzir pois com alguma segurança, que quanto menos pormenores exteriores forem captadas pelo o indivíduo, maior será a diferença entre o seu mundo interior e exterior.
Como o indivíduo é possuído de poder, como força interior que o tende a impulsionar no sentido do movimento, ele o fará tendo em conta as imagens retidas no seu interior, de acordo como as entendeu.
A partir desta realidade que permite ser observada como coisa real, desejamos saber se as coisas são, tal qual as observamos.
A criança não questiona a verdade perante a observação dos objectos, mas só o faz a partir da sua relação com eles quando algo não consegue identificar, por ser uma realidade nova que lhe é presente, e não por ser verdadeiro ou não, o que a faz questionar o adulto, normalmente os pais ou outra pessoa em quem tenha confiança, acerca da realidade que está a observar e que não entende.
A criança começa a perceber então que a realidade que observa em objetos inanimados, como sejam os brinquedos, bonecas, carrinhos, são moldáveis à sua própria realidade e á sua vontade interior de relacionar-se com o mundo exterior, e que os objetos animados, como os adultos, têm uma realidade própria, quanto á sua forma de relacionar-se, e outra enquanto forma de objeto que é semelhante a tantas outras.
O que ela pretende saber é se aquela realidade transmitida por um adulto corresponde á verdade, ou se ela não existe e apenas é inventada por ele, por isso questiona a quem merece a sua confiança, simplesmente porque não entende.
Significa por isso que o processo de definição é posterior à tentativa de identificação, e que tais atitudes da criança apenas nos diz que está a seguir uma ordem proveniente de um princípio que tem seu inicio na necessidade de conhecer e dar-se a conhecer na relação com o outro.
Podemos então deduzir que a busca por mais saber é proveniente dessa relação com os objetos exteriores.
Tente-se entender a estagnação, o bloqueio na busca do mais saber, quando a criança é proibida de manter uma relação, seja com o que for, e com quem for.
Passa a sensação que a criança tenta manusear os brinquedos que tem ao seu dispor, como aprendizado na sua relação com os seres humanos, que recolhe os seus exemplos e os transfere para os brinquedos.
A livre associação de imagens e ideias nessa altura da vida do ser humano é fundamental, em que a criança tenta a conexão entre elas, num processo comparativo e de relação, que a princípio tem em conta o objeto e a sua forma, como fator de identificação.
O processo de definição tende a estender-se até à puberdade e a forma convita quanto a ideias percebe-se com a entrada na adolescência, sendo nesta fase que tende a evidenciar-se com mais intensidade as frustrações, em que o indivíduo apresenta algum preparo para a autonomia e que entende as contrariedades como opressão, assumindo por isso uma atitude e um desejo de libertação.
È a tentativa do voo para a vida autónoma.


Do mundo das mil maravilhas, dos desenhos animados, do come, dorme e brinca, da protecção e da tomada de consciência dos objectos exteriores, em que parte da total ignorância no sentido de mais saber, como desenvolvimento psíquico, em que a todo o momento lhe chega informação que tem de processar, passa a conhecer uma outra face do mundo cujas realidades são diferentes a que tem de adaptar-se, assim é por exemplo com a entrada na escola.
O armazenamento de dados no sistema psíquico garante-lhe toda uma série complexa de equações a que tem de dedicar-se, e uma segurança de mobilidade e decisão que anteriormente não tinha, em que aos poucos percebe-se um certo abrandamento da sua agitação inicial.
À medida que o indivíduo consegue resistir ao tempo e prolonga os seus anos de vida, nota-se cada vez mais o decréscimo da agitação, que podemos considerar como falta de energia ou também entender que ela não é produzida por não existir essa necessidade no indivíduo.
Só o velho percebe que está alterado, derivados de tantos momentos novos, que se tornaram velhos.
Damos conta dessa diferença em gente da mesma faixa etária, em que uns, mesmo ao sessenta anos apresentam uma vitalidade invejável, que outros não tem mesmo com quarenta.
A energia é produzida no corpo de acordo com as necessidades por ele reclamada.
Existe um sentido diferenciado em todos nós que apresenta este tipo de comportamento.
Porque alguns indivíduos aos sessenta anos apresentam uma alegria em viver, e outros com muito menos idade andam tristes, angustiados, sem energia e a vida para eles parece um fardo bem pesado ?
Nenhuma disciplina considerada exacta pode explicar tal comportamento.

A pág. 90 do seu livro ¨ Convite à Filosofia ¨, Marilena Chaui afirma :

¨ Assim, seja na criança, seja nos jovens ou nos adultos, a busca da verdade está sempre ligada a uma decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a uma perplexidade, a uma insegurança ou, então, a um espanto e uma admiração diante de algo novo e insólito ¨.

De seguida Marilena Chaui refere, que em nossa sociedade é muito difícil de despertar nas pessoas o desejo de buscar a verdade, o que parece contrariar o princípio defendido por ela, em que essa busca estaria dependente de uma desilusão, decepção ou de uma insegurança, dado que na sociedade atual existe tudo isso em abundância.
Se assim entendemos, como podemos colocar esta questão, da dificuldade para a busca da verdade ?

EM BUSCA DE MAIS SABER QUE NÃO DA VERDADE

Em primeiro lugar não parece que possamos considerar as coisas dessa forma, em que a dificuldade percebe-se na busca de mais saber, para além do próprio conhecimento adquirido, e não na busca da verdade, porque ela evidencia-se a todo o momento, tendo em conta que ela é a realidade, a coisa real em si mesmo.
Mas mesmo assim, devemos entender isso como dificuldade ou apenas como uma possibilidade que pode ou não ser potencializada no indivíduo ?
O ser humano pode ser ignorante, nem sequer ter a noção que o é, e por isso não sente a necessidade em saber mais, dado que ele próprio tantas vezes ignora que é ignorante.
Existe por isso a necessidade do entendimento que ele próprio é ignorante acerca de uma coisa determinada, para que possa despertar nele o desejo pelo o mais saber, que de forma natural e inconsciente, é adquirida por algo que desconhece, que desperta em si o desejo pelo o mais saber acerca dela.
Se essas necessidades são de algum modo preenchidas pela quantidade de informação que é disponibilizada ao ser humano no seu dia a dia, em que o sistema psíquico tenta absorver essa dádiva, escolhendo o caminho mais simples e prático na tentativa de dar uma resposta a si mesmo, parece ser o que basta para corresponder ao princípio da satisfação.
A qualidade dessa informação é que pode ou não ser questionável, mas será sempre subjetiva a sua discussão.
Falamos da quantidade e qualidade de informação, como a verdade da existência de uma coisa real, e será a partir desta realidade que devemos analisar o comportamento humano.
A quantidade de informação apresenta uma relação com a diversidade e uniformidade, porquanto pode existir uma quantidade de informação apreciável em relação ao mesmo assunto ou ser dispersa e dissolvida em tantos outros.
A questão da qualidade, coloca-se perante a tentativa de definição e não a partir da mera identificação, sendo apuradas as propriedades de cada coisa em separado e o seu comportamento quando associadas a outras.
È por isso a partir do momento que surge a ideia da associação que devemos perceber as consequências que tal ato implica, mas para ter essa noção, o indivíduo tem que conhecer e definir os elementos que deseja associar.
A quantidade de informação dirigida à criança sem que ela tenha tempo para a definir e classificar, devido a grau de exigência proveniente dos pais, apresenta a particularidade de entupir, bloquear o sistema psíquico e tudo tende a ficar confuso.
A regra percebe-se quando o formador tenta dar uma ordem e uma sequência a toda a informação que chega até à criança, tentando que ela possa fazer a associação, por evidenciar a sua incapacidade em o fazer de modo próprio, em que o exemplo e a repetição a fará seguir esse caminho de forma natural.
Sem a regra ela toma o destino da sua própria vida em que tende a estacionar num estado animal que é aquele que conhece.
Será que é mais fácil proibir a relação com os objetos exteriores, do que colocar regras à informação que nos é presente ?
Parece que assim é, porque a regra exige definição por parte de quem deseja observar uma determinada ordem, pelo que devemos chegar à conclusão que muito embora o indivíduo saiba como pretende apresentar e apresentar-se perante os outros, não sabe na realidade como o poderá conseguir, por falta de definição da própria regra.
Perceba-se então a indefinição, em que é exigida uma determinada postura, sem que a criança perceba porque a deve ter.
Colocado de uma outra forma, existe a definição do sentido devido á repetição que é imposta ao corpo, que é instintiva, mas não existe uma definição psíquica compreendida, proveniente de uma referência, de uma regra, que deve ter uma ordem sequencial e a lógica do movimento do próprio ato de pensar.
Percebemos então que a resposta do corpo não apresenta analogia com o modo de pensar, e para que seja possível evidenciar-se uma, a outra tem que ser reprimida.   
Então de forma objetiva devemos encontrar uma referência pela qual possamos nos guiar na tentativa de analisar esta questão.


Tal condição parece ser o reflexo de uma formação familiar, que determina no indivíduo desejos, conforme vamos tentar explicar de seguida, em que o indivíduo procura saber mais a partir de algo que desconhece e deseja saber, em que o estímulo e a excitação deve ser levada em consideração.
Se parece ser verdadeiro que sem o estímulo e a excitação o corpo não manifesta o desejo, e se ele não é sentido no corpo, somos ignorantes acerca da sua presença, por isso o ignoramos, porque nem sequer sabemos da sua existência, de onde emerge o estímulo e a excitação no ser humano ?
Perante tais considerações e questionamentos somos levados a não ignorar o que nos causa dúvidas, e nos remete para o estudo e investigação de princípios que podemos encontrar numa ordem animal, que não humana.
Ou seja, regressamos ao princípio, á originalidade da existência humana, na tentativa de entender quais os princípios porque se rege, para iniciarmos a partir daí um movimento, cuja sequência deve obedecer à lógica inicial, cujas consequências, apresenta um resultado que certamente será diferente.
A internet disponibiliza uma quantidade enorme de informação e uma tal diversidade, que não conseguimos apontar e descobrir um assunto, que não seja versado através desse meio de informação, e tal acontece devido ao acesso fácil, tanto de quem é simplesmente leitor atento, como daqueles que expõem através da escrita o que lhes vai na alma, e esse parece ser o grande segredo do êxito da comunicação à distância.   
Pela primeira vez na história da humanidade, existe um meio de comunicação que conecta uma quantidade enorme de seres humanos, em que apenas estão ligados pelo o conhecimento, sem que a intimidade os incomode, sendo a forma mais avançada de comunicação, que antes era só possível através de uma forma oral e direta, que evoluiu para o livro, em que sentimos o orador, mas só entramos na intimidade do que ele escreveu, que não das suas próprias ideias, mas mesmo assim existindo uma certa limitação, por não ser fácil o acesso.
Podemos questionar o virtual em relação ao objeto que coloca a informação e que tenta comunicar com o outro, que certamente acarreta consequências, mas que ela própria já é um efeito de algo anterior que não somos tentados a questionar porque não se revela e encontra-se oculto, mas não devemos afirmar que o conhecimento é virtual e por isso nocivo.
Talvez a oportunidade que o ser humano tem de defrontar-se com o conhecimento alheio, o comparando com o seu, porque tal oportunidade não lhe foi garantida no meio familiar.
Contudo o que podemos observar é que mesmo tendo ao seu dispor um manancial enorme de conhecimento ao seu dispor, quando o ser humano sente a necessidade de estar em frente a um computador e comunicar, o faz em função de uma necessidade sentida, e por isso ele é seletivo na informação que deseja obter.
Porque deseja determinada informação e ignora a possibilidade de conhecer outras coisas ?
Parece que a sua realidade interior não é igual à realidade do mundo exterior a si próprio, em que existem outras realidades que produzem conhecimento diferenciado.
Porque é estimulado e excitado por uma ideia determinada, que não por tantas outras ?
As respostas simples e prontas, da negação dessa realidade que é a Internet, é não pretender enxergar aquilo que de forma natural se revela a nossos olhos.
Se pensamos que a mera existência dos objetos nos cria mau estar, que estão ao alcance de um click para que não se possam manifestar, de se fazerem ouvir e sentir, parece ser um sinal evidente que a própria existência das coisas nos tende a incomodar, que está para além do próprio conhecimento, entendido como forma de adquirir mais saber.
Devemos então nos questionar porque nos incomodamos com a existência de alguns objetos exteriores ?
A resposta é simples na maioria dos casos, porque, por exemplo procurar sites de pornografia é prejudicial, fere os princípios morais e incendeiam as almas adormecidas, que leva á degradação humana.
Mas o que nos é dado a observar é que com ou sem pornografia a degradação humana existe e é observável, em que alguns tentam cegar quem enxerga bem, para não tomar conta da realidade.
Mas não arrisca fazer a pergunta, o que levou aquela criança a ser estimulada e excitada que a faz movimentar na procura exterior de algo, que está e é sentido no seu interior. Nem pretende agarrar nessa realidade e a discutir com quem sente essa necessidade, dando um toque de originalidade e pedagogia à formação, na tentativa que outros valores possam ser observados.
Perante a impotência de relacionar-se com os outros de um modo natural, porque atormentado na alma por fantasmas, só a crítica, a proibição, a agressão verbal e física
parece restar ao indivíduo, na tentativa de vergar o outro aos seus desejos, em que do bem e o mal interiorizado, tende a emergir uma razão, que o torna em policial e fantasma dos outros, curiosamente as mesmas personagens de que fora vítima na infância.
A sua verdade interior, embora fosse proveniente de uma realidade alheia, tende a não respeitar a realidade que o indivíduo observa, cuja consequência é a luta contra o outro, em que não existe o respeito e consideração pelas suas ideias e conhecimentos adquiridos, e como sente-se impotente para inverter a situação, recorre à agressão como forma de acalmar a fera e até provoca a sua morte em algumas situações, convencido que dessa forma elimina da superfície da terra uma realidade que não deseja observar.
Se a verdade é a observação da realidade, da coisa que é real, do acontecimento, do fato, do fenómeno, só a devemos perceber através de uma razão existencial, que é própria de cada ser, como condição para que possa existir, em que a tentativa da negação da sua existência é entendida pelo o outro como a tentativa de extermínio, e por isso tende a resistir e a reagir quando afrontado.
A verdade de que vou falo é universal, a única que é verdadeira, que é derivada da observação de outros corpos que se manifestam., que contêm em si mesmo uma verdade que para existir tem de realizar-se, e por isso transforma-se em realidade.

Por isso Freud afirmou que a psicanálise é, em essência, a cura através do amor

E como não existe amor sem a compreensão, o interdito, o não dito, o oculto, e o não compreendido faz parte da sua teoria psicanalítica, como fatores que influenciam a formação do ser humano e tende a destruir a sua própria realidade interior.
Por isso a mentira não pode ser entendida com o contrário da verdade, mas antes como a outra parte da verdade, que está ou pretende-se ocultar.
Em busca de mais saber, que não da verdade, implica a aceitação de uma verdade que desconhecemos, que o ser humano tenta através da procura de mais saber, um dia chegar a conhecer.
Aceitamos a verdade, mas não a conhecemos, o que nos faz seguir em frente na procura de mais saber, na tentativa de encontrar a partícula de Higs, para enfim afirmarmos que a reconhecemos como verdadeira.
Aceitamos a verdade, mas não a realidade, e é segundo esta percepção, do virtual e do real, que o ser humano tende a colocar-se a partir da sua formação fantasmagórica da infância, em que incorporou medos e fantasmas, que o tornou crente e mítico.
A verdade dos Pais que se tornou realidade nos filhos, que não necessita da observação dos objetos exteriores para serem sentidos e entendidos como reais.
O virtual parece nascer desse princípio que tende a distorcer a realidade e a própria verdade.
Reclamar porque tal realidade se evidencia, a tentando negar, tem como consequência a exaltação da importância que tem os objetos exteriores para determinados indivíduos, os super valorizando e promovendo a luta pela sua posse, por medo de os perder.
Se a Filosofia, como disciplina, bate-se no plano das ideias, ao nomear um objeto que seja, como nocivo ou benéfico no sentido da humanização ou socialização, renega os seus próprios princípios doutrinários, para tratar de instrumentos de que o homem se serve para dar algum sentido à sua vida.
Com Deus ou sem Deus, com o Diabo ou com uma prostituta qualquer, o que está subjacente a essas figuras é uma ideia, e é ela que deve ser analisada porque incorporada no ser humano, e não as figuras, que são apenas corpos.
Para evidenciar o espírito devemos esquecer o corpo, o imaterial que se sobrepõe ao material, então porquê falar tanto do corpo ?
Se ferido na carne, com a dor e sofrimento manifestado no corpo, Jesus Cristo não renegou às suas ideias, porque outros, sentindo o prazer de ter uma mulher nos braços e sentir o gozo, o irão fazer ?
Menos motivos terão certamente de renunciar à sua condição.
Somos forçados a admitir, que dor e prazer, sofrimento, satisfação e alegria, são apenas o efeito e não causa de qualquer coisa, e não será por tais sentimentos que a humanidade se perde, mas por algo anterior que alguns tentam proibir e ocultar que tais sentimentos tendem a evidenciar-se.
A dor do parto causa sofrimento, mas a mulher a suporta através do prazer que lhe dá em ser mãe, existindo uma ideia subjacente ao próprio ato e que por isso o deseja.
Cristo preferiu renunciar à vida, do que renegar as suas próprias ideias, apenas porque não lhe foi dado outra escolha.
Quando não temos escolha, só a morte será possível ou cair nos braços do Diabo.
Quem impõe tal lei só pode ser mesmo é o Diabo disfarçado.
A verdade é a revelação da foto, que embora colorida, pode não ter a mesma cor, com mais ou menos contraste, mas que podemos enxergar, que representa e faz-se representar por um passado que é lembrado.
È a síntese de uma forma, que pode ter várias formas, que muito embora deformada, não deixa de ser tal como é, a verdade.
A verdade é algo que emerge das trevas, que só a luz pode mostrar, que por estar oculta não se manifesta, que o negro da caverna não deixa mostrar.
Existe com cor, e em qualquer lugar, que só a reconhecemos, através do brilho do nosso olhar.
Olhos que olham sem olhar, penetram nas trevas de um outro olhar, ficando ambos no escuro, não conseguem enxergar, porque tudo está ou parece oculto, julgando ser a mentira, quando apenas é a verdade escondida, que não se deixa revelar.
A verdade está em qualquer moradia, que a negação da realidade faz parecer noite quando ainda é dia, em que a luz ou as trevas tende a alterar o nosso olhar.
A verdade é a realidade que se evidencia, que alguns tentam ocultar, como se atrás daquela porta a realidade fosse outra, que no escuro não conseguimos determinar.
A luz e as trevas nada determina para além do determinado de forma natural, que não permanece no mesmo estado, devido à conexão com algo indeterminado, que tende alterar o que está determinado.
A realidade da noite, que por falta de luz, altera a forma dos objetos, que de novo tendem a ficar alterados quando um raio de luz os ilumina, evidenciando aquilo que não são, ficam incomodados por mostrar a incapacidade em ser o que realmente são, apenas objetos.
A verdade, que a realidade da luz e das trevas tende a alterar, forma a ilusão que a verdade pode ser outra, quando ela permanece e é o corpo, a coisa real.
Que tentem cumprir as regras do respeito e consideração pelo semelhante, através do aprendizado da autonomia, e deixem o corpo liberto, porque uma vez aprisionado, ou em liberdade não percebendo as regras, do mesmo modo perseguem o princípio da satisfação.
A realidade pode modificar a percepção que possamos ter da verdade, mas não a altera, entendida como coisa real.
O que tende a alterar a nossa realidade é a verdade dos outros, que por sua vez pretendemos alterar, porque agarrados interiormente a uma realidade que julgamos ser a melhor, a desejamos enxergar refletida no outro.
Incorporados pelo o mito da razão, que nos faz parecer bons, dedicamos grande parte da nossa existência a tentar vergar o outro, nessa luta neurótica, movidos por um desejo interior de promover o bem e extirpar, o que julgamos representar o mal.
A representação do bem está em nós, mesmo que mostremos o nosso lado mau.
Se a verdade é a salvação, ela é em si mesmo o bem mais precioso que devemos preservar.
Se o bem existe como condição natural, derivado de um princípio de satisfação e harmonização universal, ele faz-se representar por todos e em cada um de nós, porque então determinar para além do que está determinado por natureza ?
Não será promover a exaltação das almas, na procura do êxtase, que coloca em causa o equilíbrio emocional ?
Lá diz o ditado popular :
¨ O pai exigente, faz o filho desobediente ¨.
A sabedoria popular é uma forma natural proveniente de um conhecimento adquirido através das experiências e da observação.
Tantas vezes o mesmo que provocou a perda do equilíbrio emocional no outro, estende a mão e diz ser a salvação.


Biografia:
Número de vezes que este texto foi lido: 52813


Outros títulos do mesmo autor

Artigos A verdade João António Fernandes da Silva


Publicações de número 1 até 1 de um total de 1.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Povo - Cláudio Thomás Bornstein 52925 Visitas
NO REINO DO CARNAVAL - BENEDITO JOSÉ CARDOSO 52925 Visitas
frase 23 - Anderson C. D. de Oliveira 52925 Visitas
frase 1231 - Anderson C. D. de Oliveira 52925 Visitas
EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO - Márcio de Medeiros Lima 52925 Visitas
Reflexão sobre "A Traição" - Rodrigo Nascimento 52925 Visitas
Sobre talentos - Flora Fernweh 52925 Visitas
EM PASSOS PESSOAIS - Tânia Du Bois 52925 Visitas
Se - José Heber de Souza Aguiar 52925 Visitas
PENSAMENTOS SOLTOS XIV - Anjolatino 52925 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última