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Assis, o operário.
Sonhos e folhas secas.
Elaine Costa

Resumo:
Existem nobres que nascem em berços de papelão, e não possuem nada mais do que folhas secas e uma fértil imaginação, que poderia mudar a vida de muita gente.

- Um passinho à frente! Gritava o cobrador tentando colocar para dentro do veículo coletivo o maior número possível de trabalhadores que desesperadamente procuravam espaço para embarcarem.
Lentamente segurando a bolsa contendo uma pequena marmita e uma garrafa d’água, Assis se adapta à lata de sardinha, enquanto seus pensamentos voam livremente pela janela observando do lado de fora as grandes construções, diversos carros importados, homens de ternos e gravatas, estudantes com livros.
Por momentos, seus olhos ficam paralisados diante de pedintes que se revolvem em caixas de papelão despertando da longa e fria noite passada debaixo das marquises. Com a distração, esquece o local em que deveria dar o sinal para descer. Mas, silenciosamente se aproxima da porta e salta no ponto seguinte.
- Bom, não se deve reclamar dos impasses, é uma bela oportunidade para uma caminhada ante de pegar no batente! ( Diz Assis para si mesmo).
Enquanto retorna o caminho a pé, o jovem sonhador colhe folhas espalhadas pelo chão. Em sua imaginação elas são transformadas num breve momento em alta fortuna que haveria de investir para socorrer aos desafortunados:
- Esse daqui é para montar uma pequena fábrica de brinquedos, onde empregarei aquele homem que dorme debaixo da marquise da rua 26, e seus companheiros como embaladores. Quem sabe alguns deles possuem talentos para desenvolverem novos brinquedos?
Lá contratarei pessoas para ajudá-los na elaboração da nova vida, além de cozinheiras e auxiliares de serviços gerais que prepararão as refeições dos funcionários e cuidarão da higiene do local.
Esta outra quantia será para o colégio dos filhos de meus funcionários. Enquanto os pais trabalham, os filhos recebem educação alimento e atenção! Bom, e esta outra parte aqui deve comprar uma ampla propriedade, a qual colocará nas mãos de uma construtora, que edificará moradias adequadas, com acomodações dignas de uma família. Tem que ter espaço para hortas e jardins. Serão para os trabalhadores da minha empresa.
Haverá uma pequena regra! Para que desfrutem de tudo: terão que cultivar legumes, verduras e frutas em seus quintais, alem de flores, que deverão ser trocados em uma feira semanal entre os moradores da “Vila Felicidade”! Isso! É assim que se chamará meu projeto!
Quando Assis dá por si, está diante de seu patrão, que o observa assustado ao ver seu funcionário falando sozinho, com as mãos e bolsos cheios de folhas secas, além de uma mente e coração repletos de sonhos e planos que poderia mudar a vida de muita gente. Principalmente do morador da marquise na rua 26.



Este texto é administrado por: Elaine Cristina Dias da Costa
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