Quando ela nasceu, chovia como se o mundo fosse ser consumido pelas águas, o ambiente era peculiar. O incenso tornando o ar acinzentado. Era uma noite fria de fevereiro.Pensei que pudesse amá-la, mas como poderia eu amá-la sem saber quem era ela?
Dei a luz com dores que me consumiam o corpo e a própria alma, não tive um hospital que recorrer, simplesmente uma árvore frondosa me acolheu e me deu seu abrigo.
Ela era linda e me senti aliviada por ela ser tão normal, não tive tempo de lhe dar meu amor, precisava protegê-la (deles) provavelmente á minha procura, mas eu tinha que salvá-la. Não importava minha vida, somente a dela.
Dei-lhe o nome de Victória (sua existência era uma vitória). Levantei-me com dores e corri com ela em meus braços pela floresta densa e úmida, podia ouvi-los a minha procura, corri o Maximo que podia, mal sentia minhas pernas, mas era preciso salvá-la.
A deixei na porta daquele orfanato, (o lar da anunciação) um orfanato para meninas, era um lugar com aspecto sombrio, paredes de pedra, portão de madeira rústica, mas naquele local ela estaria segura, quem pensaria em procurá-la lá, sendo eu quem era? A deixei entregue a sua própria sorte, sai pela chuva, lavando meu corpo, mas não minha alma, a lama embaixo dos meus pés me fazia lembrar o quão suja eu estava no corpo e na alma.
Saí correndo com lágrimas nos olhos que desciam até a roupa, aquela roupa que me fazia lembrar quem eu era! Minha capa lavada de lama, sangue e dor.(dor em ter lhe dado à vida, dor em deixá-la).
Ela cresceu como órfão sem ser . Eu de longe a vi crescer sem poder me aproximar .
Ela parecia ser normal em tudo , tão normal que chegava a ser um insulto a todos os meus receios. .
Tão adorável na infância , sua pele parecia bronze como se pegasse sol todos os dias , seria isso impossível naquela cidade tão fria, com invernos que mais pareciam um eterno nevar, e seus olhos azuis como o mar mais limpo que já vi , enquanto criança era tão doce e gentil ( minha menina ) que era impossível não amá-la.
Mas como o destino insistia em atormentá-la mesmo sendo ela tão boa, tão generosa , havia alguém , que a odiava por medo do que ela pudesse vir a ser...
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