Procurando notícias
de coisas minhas,
encontrei no ferro-velho
de lembranças forçadas,
vários álbuns com fotos,
uma ratoeira insensível,
um par de óculos,
e um livro de aventuras
onde só o justo era o
mediador e o vitorioso.
Notícias de minha vida
não havia nenhuma.
A caixa estava embrulhada
de vazio.
Encontrei um pai trôpego,
uma mãe drogada,
e irmãos dispersos pelo mundo.
Todos a caminho do sol!
De bom só achei o que
não procurava:
meu velho estilingue.
Notícias de minha vida
são variáveis,
assim como o tempo.
São sempre iguais, com
tendências a se remoer na chuva
ou se brandar ao sol.
Notícias minhas, ela levou.
Embarcou no primeiro trem da
vida e se levou prá bem longe.
Deixou a casa vazia, de três cômodos,
dois lencóis, um cobertor de plumas
e toda casa com seu perfume.
Fui perguntar porque e ela disse
que só tinha notícias ruins
e, por bem da verdade,
era melhor nem dizer.
Assim se você procura notícias
minhas, vai me encontrar sempre no sótão
da vida, onde nem o o sol entra
e as enluaradas noites dão uma
sofreguidão de vazio distante,
de corrupção interior,
de perdas e poucos achados.
Se você quiser notícias minhas
nem dedal vai achar!
Sou pouco.
Brando e cólico de largaduras.
Notícias minhas você só vai encontrar no
próximo bar,
que fica sempre na esquina
de minha vida.
Barba por fazer,
pés por lavar,
mãos entrelaçadas e oleosas.
Ali estou sempre a espera dela.
Entre um aguardente e outro
espero e espero, sempre
fitando a próxima esquina da vida.
E, por isso, até pro um asilo quiseram
lá me levar!
Mas a grande notícia,
que deve ser manchete, em breve,
não dou,
não dará tempo,
se o gatilho não falhar.
Notícias minhas só na quadra A,
número 345.
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