BICHARADA
Tudo começou com a morte da Filomena, a minha canária
Eu fiquei muito triste e lá em casa todos choraram
Até a niquita, a nossa gata, se desfez em pranto coitada
Pobre Filomena dizia ela, olhando para a pequena sepultura
Vou ter saudades de ti e do teu canto ao nascer da aurora
Mas a vida é assim mesmo e para ela chegou o fim da caminhada.
Mas esse grande malandreco do Octávio, o canário lá de casa
Nem esperou que o frágil corpo da Filomena arrefece-se na sepultura
E já se andava a passarinhar todo pela tucha,
A fêmea recem-nascida, mas muito atrevida diga-se de passagem
Que está muito bem instalada numa gaiola prateada, ao canto da sala
Batendo a asa e cantarolando há janela
Enquanto o ar fresco e quente daquela linda manha de primavera batia nela.
Mas quem não se conformava com isto era a niquita, a nossa gata
Que volta e meia se assanhava toda para o Octávio, o canário
Mostrando-lhe as garras afiadas, em forma de protesto
Mas coitada não lhe valia de nada, toda essa revolta
Pois ele era maior de idade e senhor do seu nariz
E não foi ele que a matou, ela morreu, foi assim que DEUS quis.
Eu sou um canário viúvo, dizia ele discutindo com a niquita
Agora tu gata rejeitada, velha corcunda e mal encarada
Andas toda assanhada pelo policarpo, o gatão do prédio da frente
Mas não te adianta de nada quem andou não tem para andar
A idade não perdoa gata demente, resta-te olhar a lua
Os anos pesam, uns nascem e outros morem, mas a vida continua.
Anjo latino
Roterdão
Holanda
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Biografia: Anjo Latino é meu peseudónimo.
Sou um Homem simples, amante da natureza, sempre Atento a tudo que me rodeia, a felicidade me Inspira, o amor, a fé e a vida, são a minha Forma de estar, sempre com um sorriso, vivendo o Hoje.
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