Filho e neto de joalheiro haveria eu de escolher o anel de compromisso mais perfeito, de pedras mais puras e de lapidação impecável. Desta forma pensava em estar representando a qualidade e intensidade de minhas intenções diante da minha amada. Pois bem, depois de correr várias joalherias munido do aparelho que fora do meu avô e, não encontrando nada dentro dos parâmetros desejados cheguei a conclusão que ficaria com a primeira jóia que apresentasse razoável qualidade. Eis que ao chegar na última loja deparei com um brilhante pefeito! Cor, faces, pureza, enfim, o que pensava ser o melhor! De repente notei no mesmo estojo um modesto chuveirinho que nada correspondia a minha empáfia de conhecedor. Havia nele mais brilho, mais presença do que na peça tecnicamente perfeita...Foi amor à primeira vista! Ao teste do monóculo apresentou dois brilhante manchados e duas garras sem acabamento, mas o que importa isso? Estava lá... sedutor, lindo, um conjunto luminoso e especial! Pura emoção! Foi neste momento que me dei conta de que a perfeição nem sempre representa um bom conjunto e que deveria ver as coisas como um todo. Ora, assim também são as pessoas. Por que mitigar perfeição daqueles que no seu conjunto nos enchem de amor, amizade e respeito? Todos nós somos jóias com alguns brilhantes manchados mas, se soubermos como iluminá-los, estas imperfeições tornam-se irrelevantes em prol da beleza da alma!
- É esse que eu quero! - Disse categórico apontando para a peça.
Neste momento, sem a máscara da soberba, descobri no brilho da imperfeição, a humildade. A humildade de saber ver...
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