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Sorriso
Eliana Soraia Balzano

Resumo:
"Um gesto vale mais que mil palavras."

"Desde pequena que tenho um sonho, o sonho de representar. Subir ao palco, as luzes, o público, as palmas, coisa de arrepiar. Mas eu tinha um medo, um medo que só de imaginar tremia como varas verdes, o medo que todas as crianças têm, o medo de falar em público. Falava nas reuniões em família, como era habitual no 1º domingo de cada mês, era a minha família mas quando se juntavam mais de vinte,não tirava os olhos do chão. Só de imaginar que tinha de falar para uma imensidão de gente até nem comia, e a minha mãe dizia que ficava com febre.
Até um dia, eu já com os meus 17 anos, a minha mãe adoeceu e implorou-me que a fosse representar na próxima reunião, deu-me o texto e disse que só tinha que ler. Pensava eu... "Meu Deus, que faço eu? A minha mãe pediu-me tanto, não a posso desiludir logo agora."
Finalmente, 6 de Agosto de 1998, para mim o pior dia da minha vida. Eu já nem tinha unhas, passava a vida na casa de banho. Avós, tios, primos iam chegando, até os dedos já ruía. A ansiedade era tanta, naquele momento estava a sofrer por antecipação por causa de um estúpido medo. Depois do jantar enfiei-me no meu quarto, até que alguém ouviu aquele sufoco, aquele chorar abafado, as lágrimas corriam pela cara a baixo, até ardiam.
Até que a certa altura o meu avô entrou no quarto e perguntou-me o que se passava. Sempre confiei no meu avô, era o meu melhor amigo, quando lhe contei, ele começou-se a rir, e confessou-me que quando era mais novo também era assim, apertou-me a mão e disse:
-Sabes como superei o meu medo, que ainda hoje ele permanece dentro de mim? Antes de cada discurso bebia um copo de água e respirava muito fundo, e pedia aos meus pais para ficarem na 1ª fila, para eu só olhar para eles e fingir que tivesse em casa a combinar as próximas férias (o meu avô só ria).
E assim foi. Bebi um copo de água, subi, cumprimentei, expliquei o motivo daausência da minha mãe, comecei a falar e palmas. No final do discurso, recebi uma enorme salva de palmas, um piscar de olho e um enorme sorriso do meu avô. Um simples gesto que me valeu para a vida toda. "Um gesto vale mais que mil palavras."
Aquele sorriso verdadeiro, na hora certa...."


Este texto é administrado por: Eliana Soraia de Castro Moreira Faria de Balzano
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