O Rochedo ali, no centro da praia calma
Calmo Rochedo, dividindo as águas
Em volta, todos os pequenos seres do mar
Agarrados em suas entranhas
A Onda então o vê e não se acovarda
Mesmo sentindo-se pequena e frágil
Diante do enorme Rochedo imponente
Arma-se, estua, marulha e rebomba uma vez
Ele inerte, altivo,estático, intacto
Ela espuma e se desfaz, lânguida
Volta, escorregando lenta e timidamente
Ele duvida que ela ouse voltar
Pois ela vai pro fundo
Chega mesmo a sumir no horizonte
Atrás da bola de fogo da tarde laranja
Ele dando-se por vencedor, retorna a sua rotina
Mas, ela não dá-sse por vencida
Recarregada agora com o véu da noite
Vai vindo sorrateiramente, melindrosa
Ondulando, dançando, inxando, agigantando-se
E dessa vez, á luz do luar
Consegue abraçar o Rochedo e abalá-lo
Ele arrisca um beijo molhado
Ela beijando-o também, sem pressa
Na sua maré mansa, rodopiando
Num pequeno redemoinho salgado
Vai novamente escorrendo no Rochedo
E retornando do encontro feliz
Ele fica
Ela vai
Mas fica também o encontro marcado
A memória sentitiva, a certeza
E antes que o Rochedo seque por inteiro
Ao sol do outro dia
A Onda virá novamente
Umedecê-lo ou inundá-lo
Num eterno ir e vir...
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