É uma sentença,
talvez mortalha branda,
talvez um copo em desuso,
de vinho-largo.
Mas chega perigosamente
perto da despedida.
O que se pode fazer,
se lateja o bruto e não
mais o lapidado?
O que se pode fazer se
o rumo têm dois caminhos,
nenhum trilha,
e o indicativo só mostra
ervas daninhas?
O que se pode fazer se
as nossas figuras se apagam,
como o passar da folhinha,
de cor angustiante,
para quem não está
acostumado com
os dias?
E se a vida roda assim
roda assim comigo,
vacila com você,
pois entre dois pares,
um se perdeu
em qualquer caminho.
Não diga que não,
não diga que sim,
vacile na hora imprópria
negue três vezes
para achar seu meio-sol.
E se não existe verdade
não existe mais dor
aos pares,
nem angústias
díspares.
Agora te encontro
no soslaio do vazio:
você pra lá,
eu prá cá.
O que perdemos
perdermos sozinhos,
ganhamos pouco,
porque frutificamos no sonho
dos enviezados.
E se a história conta assim
dois reis, duas rainhas,
um castelo vazio
e um povo com fome
do amor que passou,
da ânsia que dá voltas,
remeia e quer novamente
se achar.
E se há duas voltas
há uma ida;
e neste barco sem rumo,
certamente só espero no
seu porto de sentinelas
com alforje e
espadas flamejantes,
um conflito sem prumo,
com duas derrotas
festejando vitória.
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