Ano de 20013 e lá estava o relógio na parede, cujo marasmo dos ponteiros denunciava como o tempo naquela casa acontecia. Sustentava-se por um fio que de tanto estar ali, naquela mesma posição mostra-se indiferente a tudo à sua volta. Em seu formato cilíndrico e cores medievais fazia o movimento contrário aos acontecimentos da casa. Ali, vidas, amores, desamores, alegrias e tristezas ocorriam à velocidade da luz, porém não eram suficientes para abalar a sua existência enquanto membro ausente da família. Entretanto, eis que alguém olha para a parede e percebe que os ponteiros do relógio tinham parado à zero (00h). Naquele instante foi uma surpresa, susto geral como se uma tragédia tivesse abatido sobre todos. Daí surgiu os maiores lamentos:
- Nossa! Que houve? Que horrível? Com parcimônia, a matriarca da família, sentada em sua cadeira de fios a laser; indagou.
- Certamente, acabou o fluído atômico. Vociferou uma
mocinha com roupas de néon e cabelos coloridos cheio de luzes.
- Imagina! Que houve com todos? Devem estar loucos. Faz anos que esse relógio encontra-se nessa posição. É como se pedisse para que alguém lhe desse um pouco de atenção – entretanto, passaram por esta sala gerações, e ali estava ele, imóvel, jogado ao limpo da indiferença. Certamente, cansou da inércia daqueles que deveriam ao menos considerá-lo com alguém da família e morreu.
Agora é preciso acontecer o milagre da ressuscitação!
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