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BAND-AID
Airys Dhany

Resumo:
"...a única arma que tenho contra você, é o silêncio."

BAND-AID

Vim de você, você me criou, me deu tudo, mas nunca me deu o mais importante, o valor que eu sempre tive e tive que tentar buscar todos os dias por alguém que deveria dar não por mérito, mas de graça.
Você sempre me machucava, me magoava e me pedia desculpas, na esperança que sentisse menos culpa por ser ruim comigo. Eu era muito nova pra saber que o amor não machuca, muito menos bate e pede desculpas, como se as desculpas fossem um band-aid que acobertassem todo o caos que você me causava.
Entrelaçada com sua falta de paciência, seu egoísmo puro, sempre fui comparada as suas semelhanças, mas eu nunca gostei de me parecer com você.
"Eu não sou tão cruel assim, eu não sou tao cruel" Eu tentava achar justificativas que me fizessem acreditar de que eu era culpada pelos xingamentos, pela culpa, pelas suas palavras de que meu futuro sempre seria uma merda.
Você diz que me ama, mas me bate. Você não encosta um dedo em mim faz anos, mas suas palavras sempre me feriram como uma faca, e eu, desde muito cedo tiver que aprender a usar a caixa de primeiros socorros se eu quisesse ficar bem.
Você não consegue entender que você não consegue me ver pelo maldito muro que eu criei entre nós? Mas a única parte que eu não cogitei é que, o muro me afasta de você, mas ainda consigo escutar sua voz, tão clara como a buzina dos carros parados no trânsito.
Você deveria me amar, deveria acreditar realmente em mim como diz que acredita, mas acontece que eu não acredito mais em uma única palavra que sai da sua boca, eu não acredito que há amor em baixo de tanto egoísmo, tanto ego.
Eu tentei me defender de você, eu tentei cuidar de mim, tentei não deixar que todas a ofensas penetrassem minha alma, porque por mais destruída que ela esteja, minha alma ainda consegue ter paz sabendo que ela não é a sua.
Eu nunca consegui realmente me desintoxicar de você, deixar de olhar seu rosto cada vez que eu olhasse meu rosto no espelho, ouvir sua voz quando a minha saia pela minha boca. Eu não sou você, eu nunca vou ser.
Eu me culpei muito por todas as coisas que foram feitas para mim, tentei fugir da sua vista como o diabo foge da cruz, mas você nunca precisou me prender pra me ter sobre o seu poder. Suas palavras por muito tempo tiveram poder sobre mim, mas agora não tem, e isso te apavora, sei que apavora, por que por mais que você saiba que ouço cada palavra sua, você não pode mais me ver atrás desse muro...Se você quer saber, esse muro não foi feito por pedras, tijolos, nem rochas. Esse muro foi feito com "desse jeito você não vai ser ninguem" "depois não diz que eu não te avisei" "você não tem propósito algum" e acredite, esse muro não vai cair nunca.
Não me pergunte porque tanto ódio, tanta raiva, tanto ressentimento. Acha mesmo que depois de tantos anos me fazendo acreditar de que eu não sou digna de ser alguém amada, boa o suficiente você merece o meu perdão?
O problema de más pessoas é acharem que podem pedir perdão quando são consumidas pela culpa.
Eu não preciso te atacar pra você sentir alguma ameaça, você já sente quando tudo que eu faço, é me silenciar diante de você. Isso não deveria te apavorar, mas te deixa com medo quando eu não reajo aos seus golpes de ódio. Seja lá o que você tenha passado, eu não sou a mira ao alvo, não tenho culpa e se eu tinha, hoje não tenho mais remorso por isso.
Passar por coisas ruins, não te da o direito de ser uma pessoa ruim com outras pessoas. Tudo que posso te oferecer é silêncio, hoje e sempre.
Silêncio.

Airys Dhany Cardoso
09/11/2021


Biografia:
Aqui são meus textos e queria mostra-los para o mundo, cartas, contos eróticos, romance.
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