Estou eu aqui,
firme e forte
com o peito
cortado e partido,
ao meio sangra
jorrando tristeza,
mas ainda aqui.
Estou eu aqui
firme e forte
com o suor da
minha realidade
e dela as lágrimas,
trago ela nas costas,
e é ela a minha cruz
e será até o fim
dos meus dias
minha morte,
meu motivo de vier,
mas aqui, aqui estou.
Aqui... estou.
Com meus sonhos,
meus sorrisos,
no olhar, mágoas,
de longe, a alegria,
eu vejo o quanto,
serei feliz
quando lá eu chegar...
caminhar e caminhar,
se a cruz no crânio
não me cravar
no chão,
minha tumba.
A sete palmos,
entre sorrisos
e vagos olhares
sem resposta
da pergunta
do porque
segui e segui...
por que morri?
estou aqui.
Aqui agora lá eles brilham
lá chegarei antes
do domingo chuvoso
de inverno
onde apenas uma
segue os carregadores
de vagar, levam
um humilde caixão
apenas minha mãe...
aqui... estou.
Vejo como e belo
fazer você sonhar
e ter que ter lágrimas
e ter que delas saber,
para te fazer sorrir
ter a morte como vida
para você não se matar...
mas estou aqui,
de peito partido,
de lágrimas no rosto...
de suor nas cosas...
e lá chegarei...
sendo levado...
num caixão mofado...
aqui... morto.
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Biografia: Escritor desde seus quinze anos, vencedor de doze concursos de poesia, três de contos e do prêmio de romancistas da semana cultural de São Paulo, Hiago Rodrigues de Queirós é digno de minutos de leitura, e esses minutos se vão, completando dias e noites, até o leitor dormir e sonhar dentro do livro.
Sua ironia incastigável é um grande destacador de seu estilo de escrever, sua indescrissão, revelam ao leitor o quanto ele mesmo pode voar dentro de um livro. Hiago, sem dúvida é uma das maiores promessas da literatura mundial. |