Ana tinha um sonho, um sonho Ana tinha
Desses que quando crianças tínhamos
Ana sonhava em voar, pois correr já não
bastava aos passos grandes que Ana tinha
Ana cresceu, e quanto mais Ana crescia
Menor a ela mesma seus passos parecia
Mas como isso pode nos acontecer, se quanto
Maiores estamos, a mais alto pode nossa vista alcançar?
Ana já caiu, ergueu-se, e, novamente ela caia
O equilíbrio que seus pés precisavam só viria
Quando ela entendesse que nem tudo entenderíamos
E que mesmo assim, valia a pena intumescer-se
por aquilo maior que nela havia
E que quanto maiores estamos, menores a beleza das coisas
Símplices nos parece vã, e quanto maiores estamos,
Menores cada vez mais somos. E a isso, Ana aprenderia alçar.
Não era o tamanho de seus pés que a voar a levaria
Era o tamanho de seu sonho, que na falta de seus pés
A faria assas. Assas então Ana tinha, quando percebeu
Que as maiores percepções que a sua própria vida mudaria
Não viria de outro lugar, a não ser do que ela mesma tinha:
Poder de opacidade a tudo que contra ela vinha
Ana precisava entender que não era ela que tinha um sonho
Mas um sonho que a tinha
E se um sonho o tem, meu caro, saiba que o algo maior que em Ana havia
Não importa muito a você, desde que o algo maior que em ti há te cause também
Forças ainda maiores a te fazer voar, sem se importar com o chão que os seus pés não hão mais de tocar
E quando estiveres lá no alto veras que tão grande são a beleza das coisas pequenas, que
Em algum momento, como a Ana, deixaram de assim a ti parecer.
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