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Estou nesta favela, meu Senhor....
Alivia minha pobre alma...
Estou aflita por não ter o que comer...
e os tiros estão fortes, bem mais perto...
Tenho medo de não sobreviver...
Lá naquela igreja me disseram
Que tu não deixas teus filhos abandonados...
Pai, perdoa-me a dúvida que me dilacera...
...Não estou na tua lista de adotados?
Me perdoa se te ofendo com minha prece,
Mas meus filhos estão chorando... querem algo...
O que faço, pai Querido? Hoje, ninguém desce...
e, eu só tenho te achado lá no asfalto...
Aquela dona, hoje, me daria
O macarrão, o arroz, lá da quermesse...
E seu João também me acudiria...
Mas, hoje, o morro, ninguém desce...
Ainda não sei muita coisa de ti, mas te suplico
-vem ficar comigo e com meus filhos...
Manda para nós um pouco de alimento,
Não nos deixe morrendo à míngua, ao relento...
Muda a sorte de minha vida, me ajuda
Me faz conseguir um bom trabalho...
Me leva pra um lugar de mais sossego...
Onde a vida faz valer a dor da luta!
Me disseram que tu podes fazer aparecer
O leite, o pão, o ovo, a farinha, o remédio...
A roupa p’ra este maltrapilho corpo aquecer...
Será que esta gente está falando sério?...
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