Levi lava o seu rosto e sai do apartamento de Sandra, já no estacionamento Renato chega ali.
- Bom dia.
- Bom dia, não diga que acordei vocês?
- Nada, eu já estava acordado, só estava com vergonha de ser o primeiro a sair da cama.
- Sei, casa dos outros, sempre somos assim. Risos.
Renato pega carona com Levi que segue para o condomínio.
Assim que Renato entra em casa, Mafalda ali com cara de quem não dormira nada.
- Onde você estava?
- Sai com amigos mãe, agora cheguei.
- Pare de ironia, esta ficando igual a seu pai.
- O que foi dessa vez?
- Sabia que seu amado pai teve e tem uma amante?
- O que mãe, o pai é só trabalho.
- Era o que eu pensava também, mais ontem eu confrontei a sujeita, acredite, ele esteve por um bom tempo na cama da Simone.
- Como mãe, a Simone é praticamente da família, a senhora mesma sempre nos disse isso.
- Eu já desconfiava, sentia isso nos ossos, só queria ver até onde eles iriam me enganar, arrastar todo esse circo que me envolveu e a vocês também.
- O que vai fazer mãe?
- O que me resta, o que já deveria ter feito há anos, vou me separar, seu pai já não existe em minha vida e ponto.
- Vão se separar?
- É o melhor a fazer.
- Mais mãe...........
- Já liguei no trabalho e tirei uns 3 dias de folga, até quarta eu não saio desse sofá, quero ver a cara do cafajeste quando ele cruzar aquela porta, ah isso eu vou ver e de camarote.
- Onde está o pai?
- Marcelo, foi atrás da periguete dele, não acreditou quando eu lhe disse que a vagaba esta de casamento marcado com outro.
- A Simone vai se casar?
- Sim, com um velho rico, afinal o diabo faz as suas peças.
- Mãe, pense melhor, vamos subir, por favor, eu te levo pro quarto, vai dormir um pouco e depois que acordar pensará melhor sobre tudo, vem comigo mãe.
- Não, eu já disse, eu vou ficar aqui e ver a cara de pau dele, isso sim.
- Mãe.
Renato olha mais carinho para a mãe que definha ali os últimos sentimentos de um casamento que nunca fora perfeito, ele mesmo já havia ouvido por ai sobre seu pai com Simone, porém nunca ligara a fofocas.
- Você vai ficar bem?
- Sim, afinal estou aqui desde que ele saiu no meio da madrugada.
- Mãe. Renato vê os olhos da mãe encher de lágrimas, Hellen e Elis saem á beira da escada onde sentam olhando para mãe.
Renato segue para a cozinha, logo as irmãs estão ali com ele, Elis prepara pão com queijo no forninho enquanto ele e Hellen fazem chocolate no leite, assim seguem com o lanche e dão para mãe com um copo de chocolate, Mafalda ali na sala, come o lanche derrubando lágrimas e olhando para os filhos ali.
No quarto, Renato relata os últimos acontecimentos a Levi por telefone, o rapaz ouve tudo respeitando o amigo e fala algumas coisas a ele, experiências passadas por ele e agradece ao amigo por lhe confiar tal assunto.
- Nossa cara, se não fosse você hein.
- Ligou para a Sandra?
- Cara, depois de tudo aqui, eu esqueci. Levi orienta o amigo para que ligue a moça.
Marcelo termina outro copo de cachaça ali num trailler perto do centro, uma mulher loira o acompanha tentando por tudo leva-lo para sua casa, Marcelo se torna firme ali e ao choro derruba lágrimas na mesa, o dono do lugar faz sinal para ela que entende e chama Marcelo para beberem em outro lugar.
Ele decide por não ir e pede um carro por aplicativo com ajuda dela, logo se vê frente ao condomínio e entrega a chave de seu carro para o porteiro que arruma algém de confiança para buscar o carro do médico.
De frente a sua casa, ele senta no gramado e ali chora vagarosamente até criar coragem de entrar na residência, ao entrar vê algumas malas e bolsas ao pé do sofá.
- Conseguiu falar com ela?
- Vá para o inferno, egoísta.
- No inferno eu ja vivo desde que te disse sim naquele altar há anos atrás.
- O que quer mais, tripudie de mim, pode rir, sei que é isso que faz e quer.
- Não, eu só quero uma coisa sua, saia dessa casa.
- O quê?
- Por favor Marcelo, acabou, não quero ser a mesma de ontem, vai embora sem conflitos por favor, respeite minha decisão e saia.
10
No quarto do hotel, Marcelo guarda as roupas em um micro armário, ficando boa parte destas nas bolsas que trouxera, cabisbaixo ele sai e num bar entrega os últimos acontecimentos á cargo da bebida.
Dias depois, ele no hospital realiza seu trabalho já mais receptivo a sua nova situação, até conseguira o contato de uma enfermeira novata com a qual esta tentando um inicio de relacionamento.
Mafalda por sua vez procura ajuda dos alcoolicos anônimos e com isso vai se afastando das bebidas, se dedicando ao trabalho na escola e a família.
- Que bom mãe, não se entregou a outras..........
- A bebida, não, jamais meu filho eu disse que ia superar tudo isso.
- Eu sinto muito orgulho de você mãe.
- Obrigado meus pequenos. Mafalda recebe abraços dos 3 filhos ali.
Marcelo chega no inicio da noite no hotel, Renato o aguarda na recepção.
- Filho.
- Oi pai.
- Tudo bem. Os dois sobem a escada para o segundo andar quarto 38.
- É aqui, não é tão aconchegante quanto a nossa casa mais é bom.
- Claro pai, esta ótimo.
- Quer beber algo?
- Não precisa.
- Espere. Marcelo abre o frigobar que ele comprara e tira duas latas de refri.
- Aqui.
- Obrigado.
Marcelo olha fixo para o filho e.........
- E a sua mãe, esta bem?
- Por incrível que pareça, sim pai.
- E as bebidas, ela não esta bebendo muito?
- Ela esta frequentando o AA e nunca esteve melhor, palavras dela.
- Eu acredito, sua mãe é muito forte.
- Por que pai, eu só quero entender, por que logo a mulher que se dizia amiga da gente?
- Eu também não sei, só sei que acabei gostando, nos conhecendo, você entende, surgiu.
- Não pai, eu namoro, hoje eu estou com uma linda moça, Sandra, este é o nome da garota que eu saio e amo, pai.
- Nossa filho, você cresceu, esta mais homem.
- Pare pai, eu não vou ficar do seu lado, nem da mãe que se deixou enganar por mais de 3 anos.
- Eu amo a sua mãe.
- Se a amava, por que a traiu, por quê?
Vocífera o filho para o pai.
- Você veio me crucifixar, tudo bem, faça, sua irmã fez e faz o mesmo, pior me ignora toda vez que cruzamos no hospital ela faz questão de fazer que não sou nada dela, nem pai.
- Ela esta super errada, mas mesmo assim, pai, você é o nosso pai, o exemplo de bom a seguir, qual exemplo eu devo seguir de você, me responde?
- Nenhum, continue assim, sendo esse homem forte e capaz de superar.
- Não pai, eu não fui e não sou capaz de superar essa separação de vocês, eu amo os dois, entende.
Renato desaba em choro e soluços, Marcelo o abraça e ali ambos são tomados por sentimentos.
- Me perdoe meu filho.
- Pai eu te amo.
- Eu também te amo meu filho.
Marcelo abraça forte o filho que molha o ombro do pai com lágrimas.
Levi chega do clube e sobe para seu quarto, toma banho e já trocado desce para a cozinha.
- Olá filhote.
- Pare de frescuras Júlia, não sou nada de vocês.
- O que foi, mais brabinho hoje?
- E o Gilmar?
- Cuidando do novo clube de Leticia.
- Ela conseguiu.
- Sempre, esta ai uma garota que sabe o que realmente quer, diferente de outros que eu conheço, ela é forte, capaz e sempre avançando.
- Se é tão fã dela assim, vá para o lado dela.
Macedo entra.
- E me deixar só, aqui?
- Por mim, que morram os dois, não me importo nem um pouco com vocês.
Elis passa o crachá no ponto e sai do hospital, destrava o alarme de seu carro quando Yuri vem ao encontro dela.
- Elis.
- O que foi Yuri, vai embora.
- Vai, me ouve, por favor.
- Perdi muito tempo com você Yuri, acabou.
- O que foi, virou modinha na família se rebelarem e largarem os homens de verdade?
- O que quer dizer com homens de verdade?
- Não seja assim, você é linda, é você que eu amo.
- Igual a enfermeira novata, foi isso também que disse a ela?
- Pare Elis, aquilo foi um deslize.
- Deslize, vou fazer isso também.
- Nem ouse esta entendo, você é minha, minha.
Yuri encosta seu corpo ao dela contra o carro.
- Se eu pelo menos imaginar qualquer atitude dessa de você, olhe, nem sei do que sou capaz, esta entendendo.
- Me solta Yuri, vou gritar.
Marcelo chega ali.
- Solta minha filha.
Num gesto ele retira o rapaz de sua filha, Yuri tenta segura-la mais Marcelo lhe golpeia com um soco levando o rapaz ao chão.
- Pai.
Yuri levanta e parte para cima de Marcelo os dois entram em luta corporal, logo seguranças intervém sob os gritos de Elis.
- Nunca mais me procure Yuri, nunca mais.
- Isso não vai ficar assim.
Yuri sai dali escoltado pelos seguranças do hospital, funcionários vem até Elis e Marcelo os levando para dentro do hospital.
- Me desculpe, pai.
Os olhos de Marcelo brilham ao ver a filha ali cuidando dos ferimentos causado pela briga.
- Filha, sou seu pai, quero sempre o seu bem, acima de tudo, meu amor.
- Obrigado.
- Sei que esta com raiva de mim, não te culpo, acho que se fosse meu pai estaria também, me perdoe filha.
- Pai, eu te amo, muito meu pai.
Um abraço dos dois ali na sala dos curativos.
Yuri entra no seu carro fazendo uma ligação.
- Pai, quero que acabe com o Marcelo, sim e aquela maldita filha dele.
Yuri desliga como que se o mundo fosse todo seu, seu riso maligno demonstra isso.
Mafalda termina o assino de alguns documentos dados por uma secretária quando toca seu celular.
- Só isso?
- Sim diretora. A mulher sai e ela atende a ligação.
- Oi, filha, o quê, aquele canalha, vou falar com ele, você esta bem, o quê, seu pai, graças a deus, tá, estou indo ai, não, tá, tchau.
Mafalda desliga quando ouve leve batida a porta.
- Entre.
- Diretora.
- Oi filho, que bom que veio, já ia te procurar.
- O que houve?
- Sua irmã teve problemas com o Yuri.
- Aquele imprestável, vou acabar com ele, o que ele fez a minha irmã?
- Fique calmo, seu pai já resolveu, colocou aquele almofadinha no devido lugar.
- Sério mãe?
- Sim meu filho, seu pai sempre se preocupou e muito com todos os 3.
- Nossa, mais para mim quem cuidava da gente tirando as babás, foi a senhora.
- Eu sempre o deixei á par de tudo, tudo.
- Nunca imaginaria isso, mãe.
- Mais saiba, ele sempre me orientou no que fazer e dizer a vocês, seu pai os ama e muito viu.
- Sério?
- Sim meu filho, seu pai sempre foi um excelente pai.
- Fico admirado que fale tão bem dele depois de tudo que ele fez.
- O Marcelo como homem, marido foi péssimo, mesmo assim tivemos grandes momentos juntos, mais como pai, herói que é, filho eu não poderia ter escolhido um homem melhor para ser o pai de vocês.
- Mãe.
- Vá para a sala já vai tocar o sinal, vai.
- Mãe.
- Por favor.
Mafalda insiste e Renato sai dali indo para a aula.
Leticia arruma as roupas quando Jarbas entra no quarto.
- Deixe que faço isso, senhora.
- Não Jarbas, quero que faça outra coisa para mim, por favor.
- Sim senhora.
- Fique de olho no Ivo e faça com que ele cumpra a parte dele nestes dias, arrume também um garçom para o clube.
- E o Gilmar?
- Vou deixa-lo a cargo de tudo por lá, deixe ele pensar que esta no comando, mais não o deixe se criar muito.
- Sim, senhora.
Jarbas sai do quarto, Leticia segue para o banho logo ouve o toque de chamada em seu celular.
- Oi amor.
- Oi amor.
- Oi minha linda paixão.
- Estou já quase pronta para você.
- Eu ainda terei de ir na minha casa e me arrumar pra você paixão.
- Meu marido médico é muito devoto ao trabalho.
- Marido?
- Já me sinto sua esposa.
- Gostei disso, esposa. Risos.
O casal fica ali trocando carinho por telefone até que Allan se despede desligando.
Gilmar termina de conferir o estoque do clube em bebidas e petiscos, confere a limpeza minunciosamente já que Leticia é um tanto obcecada por isso.
- E então sr?
- O que foi Jarbas, pode me chamar de Gil.
- Sim, Gil.
Gilmar e Jarbas seguem para o escritório onde Gil lhe passa os livros de contabilidade do clube.
- Pelo jeito esta tudo certo.
- Sim.
- Vou tirar uns print e mandar para a senhora Leticia.
- Posso te fazer uma pergunta Jarbas?
- Já fez.
- Sério, você já se imaginou trabalhando para uma outra pessoa sem ser a Leticia, ganhar mais e...........
Gil para por ali sua pergunta ao sentir no umbigo o frio cano da pistola de Jarbas.
- O que disse senhor?
- Nada Jarbas, pode continuar o seu trabalho, vou sair agora, tudo bem?
- Sim senhor. Jarbas guarda a pistola quando Gil sai dali.
02112020..............
11
Glads sai da obra para o almoço em casa, passa pela quitanda do senhor que lhe dá bicos nas feiras de fins de semana e as quarta.
- Oi sr Vanderlei.
- Oi Glads.
- O sr falou ao meu avô que quer falar comigo, sobre o que se trata sr?
- Sim, um amigo daqui da quitanda e meu também quer um garçom no clube que ele trabalha.
- Sério seu Vanderlei?
- Sim e eu te indiquei, e ai vai querer?
- Lógico seu Vanderlei, nossa o sr não imagina a felicidade que estou sentindo agora, muito obrigado seu Vanderlei.
- Eu sabia que ia ficar feliz, tome o endereço e o numero do cara.
- Obrigado seu Vanderlei, de coração, obrigadão mesmo.
Glads sai mais contente do que quando entrou, chegando em casa corre para a mãe, Arlete recebe o filho com um lindo sorriso, depois ao quintal ali em meio aos varais de roupas Lourival toma o sol numa cadeira.
- Vô acabei de vir da quitanda do seu Vanderlei.
- E daí, ele te deu o quê pra trazer para essa cambada morta de fome que mora aqui?
- Me deu o melhor, uma oportunidade de ganhar mais e assim poder trazer um rango melhor pra mim e pra vocês.
- Como assim, finalmente o velho te deu o cargo do caixa e assim você vai desviar um aqui pro seu vô?
- Não vô, eu vou trabalhar de garçom num clube e ganhar muito mais para pagar as contas daqui de casa, é isso vô.
- Ah, isso ai, grande coisa. Lourival desvia o olhar do neto olhando para a goiabeira a crescer no limite do quintal.
- O que foi meu filho?
Glads conta para a mãe que sorri tanto em felicidade pelo filho, logo saindo da realidade.
- Tenho que avisar a minha bebê.
- O que mãe?
Arlete sai para dentro da casa e logo retorna com a boneca no colo embalando-a e contando a novidade do emprego de Glads.
- Tá vendo filha, seu irmão vai trabalhar e ganhar dinheiro para a gente, ai a mãe vai poder comprar um montão de vestidinhos pra minha princesa, não é mesmo filhinha?
Glads ao ver aquilo engole um sentimento, seus olhos marejam e Lourival não perde a chance.
- Pronto ficamos sem comida, foi pro saco o almoço, muito obrigado meu neto trabalhador e sonso.
- Vô.
O neto segue levando a mãe que insiste em sentar no chão e brincar com a boneca, logo as crianças chegam para brincar com Arlete, Glads vai na cozinha e termina o preparo da comida, pronto, Lourival é o primeiro a sentar á mesa.
- E então, o que vamos comer hoje?
- Omelete e a sobra do frango de ontem.
- Tem arroz?
- Eu esquentei o que tinha na panela.
- Pelo menos não vou morrer de fome, ainda não.
- Tá vô, o senhor sabe que eu nunca irei deixar isso acontecer, sabe disso muito bem.
- Você tem é de se casar, o mais rápido possível, a gente precisa de uma mulher nesta casa urgente isso, uma mulher lúcida de preferência.
- Por favor vô. Glads fica chateado saindo da cozinha sem comer.
No caminho de volta para o trabalho Glads compra fiado em um bar 2 pães com mortadela e um copo de café com leite.
Leticia espera Allan em frente a casa dele, logo o médico sai em roupas confortáveis, a mulher sai do carro corre abraçando-o e o beijando.
- Nossa, que jeito delicioso de ser recebido.
- Não viu nada ainda, Maceió não será a mesma depois que chegarmos.
- Vou ligar no hospital e pedir mais uns dias só pra gente, desse jeito. Risos e beijos.
031120220..............
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