Havia um pobre gnomo solitário
Submerso nas águas da solidão.
A tristeza se estendia no horário.
O desespero penetrava o seu coração.
Como um vulnerável castelo de cartas
Foi o apogeu do seu reino encantado
E da desolação ficaram-se as marcas
E apenas ruínas haviam sobrado.
Assemelhava-se a um edifício desfeito
Que caído jamais se levanta.
Sentia um grande aperto no peito
E um gigantesco nó na garganta.
E em meio ao caos estabelecido
Conformado com o cenário do nada
Eis que aparece num bosque perdido
A figura ilustre de uma bela fada.
Ilustre era como o Gnomo a olhava.
A fada não tinha nada de madrinha.
Haviam momentos que também se chateava
E nada era possível ser feito com uma varinha.
Salabim... salabim... A fada em vão
Tentou pela magia serenar seu coração,
Mas, depois de um tempo, não mais se assustou
Quando a tristeza a pedia para ficar e enfim chorou...
A fada se esgoelou com o coração aberto
Limpando o nó na garganta
Até chegar no peito sentindo o aperto
E a fada pede gentilmente a ele: "canta!"
A fada cantou em lágrimas
Mostrando sua vulnerabilidade.
A fada mostrou que suas mágicas
Não negam a sua sensibilidade.
A fada chorou mais um tanto quando viu
O Gnomo emocionado ao seu lado abraçá-la porque sentiu
Tanta dificuldade de viver nesses tempos
Entre ansiedades, desânimos e medos.
O que esse sentimento diz de mim?
O que necessito e peço por fim?
A fada e o Gnomo só num abraço
Respondem com a entrega a um laço.
Os dois castelos de cartas não armam uma fortaleza
Porque uma também importante grandeza
É saber expressar a franqueza de um triste sorriso
E respeitar a tristeza e a alegria de um amigo.
O gnomo terrestre e a fada do ar
São diferentemente iguais ao chorar
Quando sentem estar difícil de aguentar
Já que sendo super-heróis não conseguem continuar.
Seguindo a vida, a fada e o Gnomo se unem
Vivendo, como humanos, pois se permitem
Em todos os momentos de risos e de choradeira,
construírem juntos uma amizade verdadeira.
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