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Asas sobre sampa
Gladyston costa

“23°37'34''S,46°39'23''W”...
As coordenadas geográficas são a posição e o destino final dos “boings” que se aproximam, vem desenhando uma parábola certeira e em minutos cortam o céu acima do largo. O movimento é constante e contínuo. É mais um fim de dia em Sampa e os aviões estão em fila na rota de aproximação com a pista de pouso de Congonhas. É notável o movimento no céu por essas horas, são como pássaros que vão para o ninho ao anoitecer! É quase inverno e um resto de sol crepuscular se estreita entre o chão e o firmamento, muitos prédios, os olhos mal alcançam o poente. Mais um avião vem chegando, o movimento não para, tragados por paredes se escondem da vista no céu cor laranja. Chegam, vem um e depois outro, numa fila longa sem parada. O sol que se oculta pouco os ilumina, seus faróis estão acessos e as turbinas rasgam o ar deixando um rosnado estridente atrás. A aproximação é lenta e monótona, vem um e depois mais um na mesma linha certa. O traçado é sóbrio, milimétrico e calculado, numa parábola invisível riscam o céu da cidade. São pássaros de lata com suas lanternas acesas, tem luz vermelha cintilante sobre a testa e bico de curicaca. Passam com suas asas cor prata acima das antenas e se escondem por trás dos prédios. Tangenciam o sol para além das paredes e antenas, em uma trajetória certeira e marcada miram a torre de controle adiante. Fim de dia, fim de outono, o céu tem tom laranja, pois a Terra recolhe o sol, a noite ascende. Pelas ruas o movimento é constante, há pressa, é fim de dia, fim de expediente... Será que alguém nota o céu com seus pássaros de lata? Pelo céu o avião chega anônimo, o seu ronco estrondoso compõem a paisagem sólida e estática. Vem gente de longe por essas asas, lá no alto, ocultos na barriga do pássaro de prata. Do Largo da Batata dá pra ver do chão por entre as frestas da paisagem de concreto, um, dois, três, cada avião. Trazem gente de longe, de muito longe, no fim da parábola o fim da viagem. Quem são? Quem chega? Escondidos da retina são gente sem nome e sem rosto, quem sabe famosos!?. Com suas asas de lata vem do horizonte distante, rosnando mas discretos são pássaros de chumbo plainando para o pouso. Já é noite em Sampa, o sol já se pôs, mas a fila no céu nunca termina. Mais um, dois três… .



Gladyston Costa


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